DE QUE DIREÇÃO O ANDES-SN NECESSITA? Um diálogo do Fórum Renova Andes com as docentes e os docentes
Publicamos manifesto do Fórum RENOVA ANDES, movimento de oposição à atual diretoria do ANDES-SN, sindicato nacional de docentes do ensino superior. Entendemos que é necessário romper com o centrismo sectário político da atual diretoria.
Aproximam-se as eleições do ANDES-SN cujo calendário será estabelecido no próximo Congresso do sindicato em fins de janeiro de 2025.
Sabemos que neste momento, com tantas demandas que nos tem sido exigida, que a maioria da categoria não está focada, prioritariamente, na nova diretoria que será eleita, que características deve ter, que plataforma deve assumir, que métodos de direção deve adotar...
Contudo, esta preocupação se colocará quanto mais nos aproximemos do processo eleitoral, e é pensando nisso que o Fórum Renova Andes propõe às professoras e aos professores um diálogo sobre o tema “de que direção o Andes-SN necessita?”.
Estamos concluindo um ano rico em lutas e em experiências de mobilização. O Fórum Renova Andes considera que é a partir deste fato que devemos desenvolver este debate, que se concluirá nas eleições, sobre o tipo de gestão necessária ao sindicato nesta conjuntura.
Tivemos uma greve da educação federal, da qual participaram os docentes das universidades federais e dos IFs representados pelo ANDES-SN, e um conjunto significativo de greves das estaduais (Ceará, Paraná, Maranhão, Piauí). Os resultados destas lutas foram desiguais, com conquistas limitadas, mas reais. Vários destes resultados ainda precisam de uma mobilização permanente que assegure o cumprimento dos termos de acordo.
Os comandos de greve, formados com representantes vindos da base, conduziu o movimento de forma, em geral, diferente de a experiências anteriores, embora, é claro, conduções distintas tenham sido desenvolvidas sobretudo nas greves das estaduais que reivindicavam uma variedade de pautas e tratavam com governos diferentes uns dos outros. É claro que erros também foram cometidos e que costumes antigos, provenientes de orientações sectárias de outras greves, reapareceram nas lutas de 2024.
Entretanto, a condução das mobilizações deste ano, grosso modo, se afastou da pura marcação de posição, da pouca disposição em negociar e da linha do tipo “tudo ou nada” que caracterizaram movimentos anteriores e que tiveram sérias consequências no ânimo de luta de nossa categoria nos anos posteriores. O Renova Andes reivindica sua contribuição para esta mudança na direção do movimento.
Nas mobilizações federal e estaduais deste ano, o sindicato conseguiu, por meio dos comandos de greve, ser firme na manutenção da mobilização, mas ao mesmo tempo aberto a explorar todas as possibilidades de negociação para garantir conquistas. O comando de greve federal, assim como os estaduais, recorreu a diferentes canais de entendimento - além dos interlocutores do Governo, conversou com bancadas parlamentares, enquanto manteve a categoria em alerta. Não deixou de haver resistência a este tipo de procedimento e sérias hesitações da diretoria do sindicato em implementá-lo.
Isto permitiu enfrentar a intransigência dos negociadores do Governo e, mesmo com sérios limites, assegurar conquistas parciais, mas que são o patamar do qual partiremos para as lutas de 2025 e 2026, anos aliás em que estão previstos desdobramentos dos acordos de greve.
Pode-se dizer muita coisa sobre qual deve ser as características de uma direção sindical consequente, longe do conservadorismo, de um lado, e do sectarismo, de outro, mas nos parece que esta perspectiva de lutar e negociar, de mobilizar mas não perder a oportunidade de cravar conquistas, mesmo que limitadas, é a mais fundamental para termos um ANDES-SN com capacidade de dar um salto das grandes declarações políticas gerais para o acompanhamento das demandas cotidianas da categoria, que é aquilo que anima o professorado a se mobilizar.
Os comandos de greve formados nas lutas de 2024, ao menos na maioria de seus componentes foram capazes de seguir este caminho. Por isso o Fórum Renova Andes não se absteve de fazer publicamente um balanço positivo das greves, mesmo mantendo suas diferenças com a atual direção do sindicato.
É por isso também que, neste momento, nos dirigimos à categoria para dizer que, na nossa opinião, uma chapa para concorrer à direção do ANDES-SN para o biênio 2025/26 deveria expressar esta experiência positiva que a maioria dos membros dos comandos de greve desenvolveu na condução das greves do ano que se encerra.
É possível que professoras e professores que batalham na base, procedentes de diferentes experiências político-sindicais e que compartilham deste balanço positivo das greves abram um debate sobre a constituição de uma chapa? O Renova está aberto a este debate.
Contudo, independentemente das respostas a esta carta, o Renova Andes afirma mais uma vez que está disposto a lançar uma chapa que expresse a experiência de luta e negociação exercitada nas greves de 2024.
Brasília, novembro de 2024