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Tendências para a 2° Guerra Civil Estadounidense e 3° Guerra Mundial

Tendências para a 2° Guerra Civil Estadounidense e 3° Guerra Mundial

As chaves da atual situação internacional.

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Christian  Romero, TMB - Argentina

Contradições intra-imperialistas.

As diferentes frações da burguesia imperialista dos EUA - como o complexo militar-industrial, o narcotrafico, o vale do silício, as companhias petrolíferas, incluindo os setores de hidrocarbonetos de xisto, Wall Street, a grande banca, os setores industriais, o grande capital da especulação imobiliária, que abastecem centralmente o mercado interno, etc., em termos gerais, atingiram o limite da sua expansão económica e geoestratégica, sem terem de dar um salto de qualidade com os seus parceiros imperialistas - especialmente do bloco europeu, sem terem de entrar em confronto direto com as potências emergentes do pólo eurasiano.

Neste contexto, as contradições internas das fracções do imperialismo estadounidense crescem. O que significa que o próprio imperialismo estadounidense não tem um centro de gravidade nesta ou naquela fracção ou coligação de fracções imperialistas. Este é um contexto onde se pode estabelecer uma analogia histórica com o Império Romano que, ao não poder continuar a expandir-se, desgastava-se em disputas internas que facilitavam o ataque que vinha de fora.

As tendências profundas que explicam isto são que a política expansiva do capital financeiro colide com cada vez mais obstáculos no exterior e, portanto, a concorrência entre as suas fracções deve crescer “dentro”.

Nesse sentido, pode-se formular a seguinte lei: quanto maiores os obstáculos que o imperialismo tem no exterior para se expandir, maior é a competição entre as suas facções dentro do imperialismo e isso o enfraquece, o que por sua vez contribui para que os seus concorrentes estrangeiros ganhem espaço para impor mais obstáculos ao imperialismo na sua expansão externa. Esta é a dialectização que reflete as coordenadas da actual situação internacional entre a tendência para a guerra civil americana e a tendência para a Terceira Guerra Mundial.

As tendências profundas que explicam isto são a emergência de novas grandes potências burguesas onde uma economia pós-capitalista se consolidou como um subproduto do ciclo da revolução mundial no século XX com recursos gigantescos ao nível dos recursos naturais e humanos, que está, no núcleo russo-chinês, como herança.

Isto permite à Rússia e à China liderar o bloco internacional de resistência ao imperialismo que coloca limites à política expansiva do capital financeiro e, portanto, aumenta as contradições dentro da frente imperialista. O bloco da resistência é um obstáculo ao imperialismo estadunidense, mas também ao imperialismo mundial como um todo, como se viu no recente recuo do imperialismo Francês na África Central e Ocidental.

Tudo é possível, inclusive, como em um caso de fuga para frente, o imperialismo estadounidense, antes de ir para a segunda guerra civil americana, tomasse – seja qual for a fracção – a iniciativa da terceira guerra mundial.

Atualmente, o imperialismo estadounidense está na tendência oposta à dos anos 80, onde em torno do Reganismo se reuniu o conjunto das fracções imperialistas contra a URSS. A unidade neoliberal Reagan-Tatcher levaria o imperialismo à vitória na segunda fase da primeira guerra fria (1947-1991). Fase cujo início com a intervenção no Afeganistão em 1979, aliás, é anterior à ascensão do Reganismo. Esse triunfo do próprio imperialismo na segunda fase da primeira guerra fria levou à queda da União Soviética e à contra-revolução na Europa Oriental. Tudo isto coesionou todo o imperialismo dentro e fora dos Estados Unidos durante a década de 1980. 

Na superestrutura do sistema partidário, esta coesão imperialista refletiu-se nos dois mandatos de Reagan e no fato de Regan ter conseguido impulsionar Bush pai. isto é, 3 mandatos republicanos consecutivos.

Agora, a tendência a fragmentação emerge dentro da própria burguesia imperialista, já saiu do campo político puro, se converteu em gerra jurídica e pode se converter em um conflito militar, em uma guerra civil.

Está em curso um processo de lawfare contra Trump. No dia 30 de maio de 2024, o candidato republicano e favorito a Casa Branca sofreu condenações unânimes proferidas por 11 jurados em 34 acusações. É pouco provável, dada ao fato de que são crimes pequenos, ele ter 77 anos e ter sido presidente, mas Trump pode ser preso e ainda continuar na disputa eleitoral mesmo em prisão domicilar. Ele se tornou o primeiro ex-presidente dos Estados Unidos a ser condenado por um crime. Mesmo condenado, Trump pode disputar a eleição e governar, se vencer. Inclusive se for preso. Não há nada na lei que o impeça. Mas, a coisa pode piorar com novos julgamentos, que não foram incluídos nesse primeiro, as acusações sobre o putch ao Capitólio de 6 de janeiro de 2021, o da tentativa de reverter o resultado da votação no estado da Geórgia e de ter escondido em casa documentos sigilosos da Casa Branca. O atual lawfare contra Trump faz parte e reforça as tendências para a segunda guerra civil americana.

O Eixo da Resistência de países oprimidos, os BRICS não querem a 3a guerra. Querem ganhar tempo para continuarem se expandindo no mercado mundial contra o expansionismo do sistema imperialista. Os EUA e o sistema imperialista (como a França na África) precisam da 3ª guerra para conter a roda da história do desenvolvimento das forças produtivas não financeirizadas.

Perante uma ou outra possibilidade, o proletariado mundial, incluindo o dos EUA, possui tarefas diferentes, determinadas por onde está ou pelo imperialismo no conflito. Na primeira guerra civil dos EUA, foi correto tomar o lado norte contra o sul escravista, em uma segunda guerra civil americana, quando as duas frações representam a burguesia imperialista que deseja escravizar o globo, adotaríamos o derrotismo revolucionário de ambos os lados em conflito.

Por sua vez, em uma terceira guerra mundial, entre o sistema imperialista e o eixo da resistência que reune China, Rússia, Irã, Venezuela, seguidos por parte dos países dos BRICS, estados operários como Cuba e Coreia do Norte e povos como o palestino, a quem o imperialismo tem negado brutalmente o direito a um Estado próprio, o proletariado dos centros imperialistas, bem como dos povos oprimidos, assumiria o defensismo revolucionário do bloco de resistência para derrotar o sistema imperialista e prepare-se para a próxima onda revolucionária mundial.

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