A pobreza é o outro lado da riqueza
Os bilionários só existem porque há pobres. A fonte da riqueza de poucos é a exploração, a opressão, a miséria e a fome de bilhões de seres humanos. Essa verdade deve ser dita constantemente. A solução para os problemas da humanidade é o socialismo.
Se restringirmos a pobreza a pessoas que vivem com menos de US$ 1 por dia, haveria 1 bilhão de pessoas pobres no mundo; com menos de US$ 2, cerca de 2.8 bilhões e com menos de US$ 2,5, metade da população mundial, 3.7 bilhões, seria pobre. Então, acompanhando os últimos dados, precisaríamos de 1.687.853 pessoas condenadas à miséria para produzir uma pessoa rica no mundo. Para entrar na lista da Forbes de 2.208 bilionários é necessário ter pelo menos U$ 1 bilhão.
Mas, nem todos os países são homogêneos em sua produção de opulência. Considere o Brasil que tem 41 bilionários (com cerca de US$ 175 milhões) e, graças aos esforços do governo golpista de Michel Temer, os pobres chegaram a cerca de 52 milhões, 25,4% de sua população. Ou seja, para gerar um rico no Brasil, foi preciso condenar 1.238.095 pessoas à pobreza.
Se o caso fosse a Argentina, que segundo a Forbes tem 9 bilionários (US$ 15,6 milhões), os números divulgados pelo Observatório da Dívida Social da Universidade Católica da Argentina (UCA) nos dizem que há 19,2 milhões de pessoas na pobreza, 54,6% da população. Esses números nos levam a confirmar que o Índice de Opulência (IPO) é de 1.466.666 pessoas, proporção que, intuitivamente, nos leva a pensar que a distribuição de renda na Argentina é mais conveniente do que no Brasil, pois mais pessoas precisam ser sacrificadas à miséria para criar uma pessoa rica.
Cerca de 600 milhões de jovens no mundo não trabalham, estudam ou participam em qualquer programa de formação. Dos 1 bilhão de jovens que vão entrar no mercado de trabalho na próxima década, espera-se que apenas 40% consigam encontrar um emprego disponível. Mas, estranhamente, 218 milhões de crianças de 5 a 17 anos estão envolvidas na produção econômica mundial, na África uma em cada cinco, na América uma em cada dezenove.
Se olharmos para os dados da Forbes sobre o crescimento dos bilionários nos últimos dezoito anos, notaremos que a maior aceleração é após o colapso econômico de 2008. E a distribuição setorial do aumento da riqueza é surpreendente. Por exemplo, no Brasil, dos 41 bilionários que tem, há onze relacionados a finanças (US$ 57,6 milhões). Ou seja, na distribuição da riqueza, quase 40% dos ricos no Brasil são banqueiros ou cervejeiros (produtores de cerveja U$ 56,6 milhões).
Segundo a ideologia burguesa do Banco Mundial, a pobreza extrema é medida em US$ 1,90 por dia, outro valor acima disso produziria pessoas pobres, mas menos extremas.
É verdade que, face ao crescimento da população mundial, a pobreza diminuiu, mas também é verdade que vivemos pior. Em 2005, a ONG Oxfam, em seu relatório anual, considerando a gravidade da desigualdade global, anunciou que o 1% mais rico do planeta ficava com 48% da riqueza mundial. Ele previu com profunda preocupação previsões sinistras de que em 2016 1% dos ricos armazenaria 50% da riqueza e em 2019 poderiam chegar à impensável cifra de 54%. As piores profecias ficaram aquém, em 2017 o 1% mais rico se apoderou de 82% da riqueza mundial.
Pior, metade da população mundial, 3.7 bilhões de pessoas, não se beneficiaram em nada, "0" (zero), da riqueza gerada. Desde 2010, os rendimentos dos ricos aumentaram a uma taxa de 13%, enquanto os salários aumentaram a 2%. Só em 2017, a riqueza dos bilionários aumentou em US$ 762 bilhões, valor que seria suficiente para acabar com a pobreza extrema seis vezes mais.
Apenas oito pessoas possuem a mesma riqueza que a metade mais pobre do mundo, 3.7 bilhões. A proporção aqui seria de 462,5 milhões de miseráveis para gerar um homem rico. Não é apenas a desmedida diferença de riqueza que causou essa degradação perpétua, mas o empobrecimento coletivo, cidades arruinadas, aldeias abnegadas, escolas destruídas, hospitais destruídos, desemprego jovem, e tudo é austeridade, economia, abstinência, privação devido a quê? Os trabalhadores vivem no limite há muito tempo e a única coisa que geraram no capitalismo foi uma taxa maior de crescimento da riqueza para os mais ricos.
Os trabalhadores vem tolerando aumentos nos combustíveis, nos serviços, aceitando ter uma saúde deficiente, uma educação terrível, desemprgo, miséria, depressão, o alcoolismo e a falta de futuro para seus filhos. Ao mesmo tempo, a ideologia burguesa incentiva a admiração peos ricos, naturalizando a desigualdade. Os ideólogos das classes dominantes são insensíveis aos custos humanos de políticas sociais aparentemente racionais. Receber ajuda pública, seja na forma de pensão alimentícia, cestas básicas, seguro-desemprego ou qualquer outro tipo de auxílio, tornou-se um sinal de fracasso pessoal, e não o que realmente é: produto das relações de produção capitalista.
É preciso lutar contra o capitalismo. É preciso defender o socialismo.
Fonte: https://eltabanoeconomista.wordpress.com/2024/07/14/cuantos-pobres-se-necesitan-para-hacer-un-rico-i/