Português (Brasil)

EUA: a corrente Resistência do PSOL (Brasil) está apoiando Kamala Harris?

EUA: a corrente Resistência do PSOL (Brasil) está apoiando Kamala Harris?

Há uma pressão enorme de setores do imperialismo dos EUA para apoiar a possível candidata do Partido Democrata à presidência. A mídia brasileira, em sua esmagadora maioria, é influenciada por essa fração do capital financeiro. As organizações de esquerda não escapam dessa pressão. Mas, é preciso resistir como uma postura anti-imperialista e socialista.

Compartilhe este conteúdo:

Há alterantiva a Kamala Harris. Claudia De la Cruz, negra, educadora, teóloga, mãe, fundadora do Fórum Popular de Nova Iorque, organizadora política e candidata à presidência dos Estados Unidos pelo PSL (Party for Socialism & Liberation — Partido pelo Socialismo e Libertação)

Frederico Costa

A Resistência foi uma ruptura progressiva de militantes do PSTU que se negaram a seguir a política de apoio ao golpe de Estado contra a presidenta Dilma Roussef (PT), eleita democraticamente.  No PSOL, a corrente Resistência é a que possui maior inserção no movimento operário-sindical, estando à frente em sindicatos de servidores públicos e de operários. Além, de dirigir movimentos de greve recentes no Brasil. Seus militantes e suas militantes são lutadores sociais. Politicamente são herdereiros do morenismo, uma corrente identificada com o trotskismo e forte na América Latina, até que se estilhaçou depois da morte do seu fundador Nahuel Moreno em 1987.

No entanto, algo estranho vem acontecendo nessa corrente de orientação socialista.

Em publicação no Instagram (ttps://www.instagram.com/p/C9tE-DOv6gA/?igsh=MXQ2Nm9nMDFnMjlsbA%3D%3D) a candidata a vereadora pela Resistência-PSOL no Crato-CE, professora Zuleide Queiroz afirmou:

Joe Biden desiste e Kamala Harris, atual vice-presidente e primeira mulher negra a assumir o cargo no pais, é o nome indicado por ele para assumir a disputa eleitoral e derrotar o fascista Donald Trump.
Ex-senadora e ex-promotora de São Francisco e da Califórnia, Kamala é descrita como alguém que “sempre luta pelas pessoas”. Filha de imigrantes da Jamaica e da Índia. Nasceu em Oakland, Califórnia, e cresceu cercada de movimentos pelos direitos civis.
Kamala Harris é a mulher negra com possibilidades de evitar que o mundo assista mais uma vez à ascensão da extrema-direita no principal país imperialista do mundo.
Apesar de mulher negra, por ser do partido democrata, Harris tem muitos limites do ponto de vista da luta dos movimentos sociais anti-imperialistas, antirracistas e ecossocialistas, mas é um mal menor frente ao reacionário Trump! Com Harris para derrotar Trumpo! A primeira mulher, a primeira negra que poderá ser presidente dos EUA em novembro!

Eu Voto em Negra!

Logo depois, a professora Rafaella Florencio,  candidata a vereadora pela Bancada Negra da Educação de Fortaleza -CE, publicou um artigo no site Esquerda online (ttps://esquerdaonline.com.br/2024/07/22/critica-a-representatividade-neoliberal-o-caso-kamala-harris/), que conseguiu ir mais longe ainda:

Contudo, precisamos acompanhar de perto o desenvolvimento das eleições norte-americanas e, se possível, intervir para garantir que Kamala Harris ou outro candidato do Partido Democrata seja eleito. Isso se torna crucial para impedir o retorno do principal representante do fascismo mundial, Donald Trump, no coração do imperialismo. A derrota de Trump e do que ele representa é uma prioridade, não apenas pela política interna dos EUA, mas pelos impactos globais de suas políticas excludentes e discriminatórias.

Agora, tanto faz, qual for o candidato. O importante é garantir a vitória do Partido Democrata contra Trump, representante da extrema direita. 

Ambas as publicações cometem dois erros, ao me ver.

O primeiro erro é desprezar a natureza política imperialista e antipopular de Kamala Harris.

Kamala Harris pertence à ala dos "hawks" (falcões) do Partido Democrata - o mesmo grupo político de Biden, Obama, Susan Rice, o casal Clinton, por exemplo. Ela é uma lobista do complexo militar industrial, entusiasta do militarismo, do intervencionismo estadunidense e do genocídio de palestinos.  

Kamala é uma das figuras mais criticadas pelos movimentos sociais dos EUA por seu papel nas políticas de repressão e encarceramento da população negra e latina e por seu apoio a ações que visavam a deportação em massa de imigrantes. O programa "Back on Track", implementado pelo governador republicano da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, foi desenvolvido por ela.   

Como procuradora, Kamala ficou conhecida por defender e proteger policiais que assassinavam jovens negros.

Mesmo com essa folha corrida de Kamala Harris, de acordo com as companheiras é preciso  apoiar a "primeira mulher negra à presidência dos EUA" ou qualquer candidato para derrotar Donald Trump. Noutras palavras, os democratas podem continuar apoiando o massacre de palestinos por Israel, promovendo golpes de Estado, financiando o governo nazista da Ucrânia, encarcerando negros e latinos, provoncando a China, reprimindo imigrantes, embargando Cuba, contanto que derrotem Donald Trump. Todo o resto é secundário agora.

Segundo erro das companheiras é cair na "falácia da dicotomia", quando são apresentadas duas opções opostas como as únicas possíveis, de modo que rejeitar uma  significa automaticamente aceitar a outra. Não votar nos democratas genocidas, é fortalecer o candidato republicano fascista. Na verdade, essa é a lógica da fração do imperialismo estadunidense que apoia Kamala Harris.

Além da briga entre as princiapis frações da burguesia estadunidense há outras alternativas. Como Claudia De la Cruz, negra, educadora, teóloga, mãe, fundadora do Fórum Popular de Nova Iorque, organizadora política e candidata à presidência dos Estados Unidos pelo PSL (Party for Socialism & Liberation — Partido pelo Socialismo e Libertação). Por que não apoiá-la?

Agora uma pergunta básica: apoiar Kamala Harris é a posição oficial da corrente Resistência do PSOL?

Compartilhe este conteúdo:

 

 secretaria@partidocomunista.org
Junte-se a nós!