Crise capitalista: mercado dos EUA causa problemas para montadoras, que desabam nas bolsas
As montadoras globais enfrentam uma perspectiva de enfraquecimento das vendas nos principais mercados, como os EUA. A redução de mercados indica crise no capitalismo. Logo, para sair da crise o capital aumentar a exploração dos trabalhadores e a opressão sobre os países oprimidos.
Os problemas no mercado de automóveis dos Estados Unidos, incluindo preços fracos, estoques elevados e logística difícil, prejudicaram resultados e pressionaram as ações de montadoras como Ford, Stellantis e Nissan nesta quinta-feira.
As montadoras globais enfrentam uma perspectiva de enfraquecimento das vendas nos principais mercados, como os EUA, ao mesmo tempo em que fazem malabarismos com a cara transição para veículos elétricos e com a crescente concorrência de rivais chineses mais baratos. Ford despencou 16% depois que o lucro do segundo trimestre não atendeu às expectativas dos analistas, prejudicado pelos altos custos de garantia e por déficit nos negócios com veículos elétricos.
As ações da Stellantis perderam quase 9%, depois de terem atingido o menor nível em quase um ano. A Nissan caiu 7%, fazendo com que as ações de sua parceira de aliança, a Renault, também caíssem.
As montadoras foram arrastadas para baixo pelo excesso de estoques nos EUA, causada em parte por uma falha de software em junho que desacelerou ou interrompeu as operações de algumas concessionárias. O fornecimento de veículos novos no início de julho foi mais do que o dobro do apurado no mesmo período do ano anterior, de acordo com a Cox Automotive.
Os analistas da Cox esperam que os estoques se normalizem em alguns meses, à medida que os efeitos da falha de software da CDK diminuam. Ainda assim, os investidores estão cautelosos, já que a produção tem sido forte nos EUA.
“A maioria dos investidores citou preocupações sobre riscos aos preços, especialmente em meio ao aumento dos estoques”, escreveu Dan Levy, analista do Barclays nesta semana. Dados dos EUA mostram que o gasto médio por veículo tem diminuído.
A Nissan foi duramente atingida pela alta dos estoques, pois seu resultado do primeiro trimestre foi praticamente eliminado e a empresa teve de reduzir estimativa anual devido aos grandes descontos concedidos nos preços no mercado norte-americano.
O presidente-executivo, Makoto Uchida, disse que é “difícil” otimizar os estoques nos EUA e que a montadora se concentrará em carros melhores, pelos quais possa cobrar mais caro.
A Ford tem sido afetada por ineficiências estruturais e pelas operações de veículos elétricos. A unidade de carros elétricos e software da montadora norte-americana teve prejuízo operacional de 1,1 bilhão de dólares no trimestre e espera perda de até 5,5 bilhões no ano sem considerar impostos.
A quarta montadora do mundo, Stellantis, disse que vai tomar medidas para recuperar margens fracas e estoque elevado nos EUA, depois de apresentar resultados piores do que o esperado para o primeiro semestre. O presidente-executivo, Carlos Tavares, disse que não hesitará em eliminar marcas de baixo desempenho do grupo.
“Se elas não gerarem dinheiro, nós as fecharemos”, disse ele.
Desde que a Stellantis foi criada em 2021, a partir da fusão da montadora ítalo-americana Fiat Chrysler e da francesa PSA, Tavares afirma que todas as 14 marcas do grupo, incluindo Maserati, Fiat, Peugeot e Jeep, têm futuro.
As margens de lucro da Stellantis têm sido mais altas do que as de seus pares nos últimos anos, mas analistas da Bernstein disseram que as margens do grupo agora não estão muito acima do apresentado por General Motors, que divulgou resultados sólidos no início desta semana e elevou previsão de lucro anual.
“Isso levanta questões sobre a reputação de eficiência de custos da Stellantis”, escreveram os analistas. As ações do grupo acumulam queda de mais de 20% este ano, a pior baixa entre as principais montadoras europeias.
O capital só tem uma maneira de sair de suas crises: aumentar a exploração sobre os trabalhadores (taxa de mais-valia, retirar direitos) e intensificar a opressão nacional (saque de riquezas, golpes de Estado, guerras).
Os trabalhadoras e trabalhadoras precisam resistir à ofensiva do capital. É hora de discutir organização por local de trabalho e controle da produção pelos trabalhadores das montadoras..
Fonte: https://www.infomoney.com.br/mercados/mercado-dos-eua-e-dor-de-cabeca-para-montadoras-globais-que-desabam-nas-bolsas/