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A luta anti-imperialista na África Ocidental: a Aliança dos Estados do Sahel

A luta anti-imperialista na África Ocidental: a Aliança dos Estados do Sahel

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A África Ocidental, que esteve em grande parte sob o domínio colonial francês, nunca assistiu até recentemente, a uma descolonização. A moeda das antigas colônias francesas continuava ligada ao franco francês a uma taxa de câmbio fixa, o que significava que não podiam seguir qualquer política orçamental e monetária da sua escolha, pois isso teria ameaçado a taxa de câmbio fixa.Não só as suas reservas de divisas eram mantidas pela França, mas a França também controlava efetivamente a sua política orçamentária e monetária, apesar da descolonização formal.O controlo dos seus recursos naturais permanecia nas mãos das corporações metropolitanas.

Além disso, as tropas francesas permaneceram nesses países apesar da descolonização. Inicialmente com a desculpa de que eram necessárias para guardar a propriedade francesa, depois com o argumento de que tinham de defender esses países contra os militantes islâmicos. Mas na verdade era para garantir que os governos recém-independentes continuassem a atuar em conformidade com o imperialismo francês. 

Qualquer esforço para retirada das tropas imperialistas francesas era confrontado com uma reação que podia incluir mesmo um de Golpe de Estado. No entanto, na maioria das vezes, golpes de Estado não eram necessários. A política eleitoral imposta envolvia  partidos políticos com dirigentes pró-imperialistas, que  mantinham a questão da presença contínua das tropas francesas fora das suas agendas políticas. Isso era suficiente para manter o regime com uma fachada democrática.

No entanto, nos últimos tempos, em vários países da África Ocidental, elementos revolucionários no seio do exército tomaram o poder desses governos pró-imperialistas, construindo uma onda de resistência anti-imperialista. É claro que os países imperialistas apresentam esse movimento anti-imperialista como um golpe contra a democracia que deve ser condenado e combatido. Porém, as massas desses países têm apoiado esses novos regimes com entusiasmo.

Ultimamente, o Níger, o Mali e o Burkina Faso, cada um deles governado por chefes militares, que recentemente tomaram o poder, pediram a retirada das tropas francesas. Em relação à luta contra os militantes islâmicos, o Mali  conta com o grupo Wagner da Rússia, que já foi mais ou menos assimilado ao Estado russo. Estes três países, Burkina Faso, Mali e Níger, juntaram-se também em julho de 2024 para formar uma união chamada Aliança dos Estados do Sahel. Os três regimes estão empenhados no pan-africanismo e no anti-imperialismo.

Agora, o Burkina Faso deu mais um passo no anti-imperialismo, nacionalizando duas das suas minas de ouro, que inicialmente pertenciam à empresa britânica Endeavour Mining. O Burkina Faso é supostamente o 13º maior produtor de ouro do mundo, sendo a sua produção anual de ouro de 100 toneladas ou cerca de 6 bilhões de dólares aos preços mundiais atuais. O ouro é produzido inteiramente através de empresas europeias ou norte-americanas que o refinam fora do país e retêm grande parte do valor da produção. Por isso, apesar de uma produção de ouro tão substancial, o seu Produto Nacional Bruto em 2022 foi de apenas 19,37 bilhões de dólares. O atual governo de Ibrahim Traore decidiu não só nacionalizar completamente a produção de ouro, mas também criar, pela primeira vez, uma refinaria de ouro local. Mesmo que apenas 2 bilhões de dólares de valor adicional sejam retidos na economia, este montante suplementar representa mais de 10% do PNB (Produto Nacional Bruto), que pode ser utilizado para financiar despesas públicas adicionais com a educação, os cuidados de saúde e outros serviços essenciais para a população.

Essa é uma ação progressiva, porque um país deve ter sempre a propriedade e o controle dos seus recursos minerais, além de outros recursos esgotáveis. E, também. desenvolvê-los por si próprio através do seu sector público. O reconhecimento deste princípio básico pelo Burkina Faso constitui um grande avanço, é uma medida anti-imperialista.

Os trabalhadore e partidos de esquerda devem apoiar as ações anti-imperialistas e de libertação nacional  das Repúblicas da Áfirica Ocidental do Níger, do Mali e do Burkina Faso.

Fora o imperialismo da África!

 

Fonte: https://peoplesdemocracy.in/2024/0929_pd/west-africa’s-resistance-against-imperialism

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