Neoliberalismo, neofascismo e financeirização.
O Estado neoliberal pode avançar para um Estado neofascista?
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Christian Romero
1) O Estado liberal repousava sobre a grande indústria, isso foi usado pelo Estado fascista.
2) O Esstado fascista, com base em investimentos industriais, forneceu uma saída econômica: por meio de Hitler com o desenvolvimento de armamentos e com Mussolini, lançando as bases de um capitalismo misto (estado-privado) de tipo industrial.
3) O fascismo clássico como fenômeno de massa na época também avançou em tarefas pendentes que haviam sido deixadas pelas últimas unidades nacionais da Itália e da Alemanha (que quando a resolução não veio da esquerda acabou vindo da direita), como o nacionalismo unitário do fascismo na Itália, superando localismos e regionalismos ("consolidando" assim a unidade nacional da Itália) ou a unidade dos povos de língua alemã, como no caso da Alemanha: a anexação da Áustria, a faixa de língua alemã da Tchecoslováquia (os Sudetos). Além da questão dos territórios de língua alemã perdidos pela própria Alemanha após a Primeira Guerra Mundial.
4) O acima exposto como fator econômico, somado aos "sucessos" políticos nas tarefas pendentes, que explica a base de apoio que o fascismo teve no governo em uma primeira etapa, mais pela base econômica e geoestratégica do que pela simbologia.
5) Hoje, o Estado neoliberal repousa sobre a financeirização.
6) É a necessidade de aprofundar a financeirização que leva a jogar a carta do neofascismo.
7) A base do aprofundamento da financeirização significa que os governos neofascistas só podem dar ajustes constantes por meio da recessão, o que não exclui, que eles garantam temporariamente uma certa "estabilidade", especialmente das variáveis monetárias, o que lhes permite "durar" por um tempo.
8) A necessidade de ajustes constantes de financeirização aprofundada corrói o consenso social e torna difícil para o Estado neoliberal evoluir para um Estado neofascista, assim como na época o Estado liberal evoluiu para um Estado fascista.
9) Isso explicaria porque na periferia do sistema mundial, por exemplo, o bolsonarismo não conseguiu fazer da máquina estatal no Brasil um Estado neofascista, o que abriu uma brecha que permitiu o retorno do PT ao governo. Mas a necessidade das frações burguesas determinantes no próprio de avançar numa financeirização aprofundada pode fazer com que alguma variante do bolsonarismo tenha uma chance no futuro próximo.
10) É, portanto, a limitação em avançar em um Estado neofascista que marca as marchas e contramarchas dos atuais governos neofascistas e os períodos de recuo e retorno dos mesmos.
11) O fato de que o capital financeiro acha muito difícil passar de um Estado neoliberal para um Estado neofascista (após o que já foi a transição de um Estado liberal para um Estado fascista) não deve nos fazer cair em um otimismo ingênuo e acreditar que a formação de um Estado neofascista é impossível.