Como viver com um salário mínimo de R$ 1.518,00?
Lula assinou decreto que aumentando salário mínimo para R$ 1.518 em 2025. O reajuste foi de 7,5% e ainda comprimido pelas regras aprovadas no pacote de corte de gastos do governo.
Foto: divulgação
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou, no dia 30 de dezembro, um decreto elevando o salário mínimo dos atuais R$ 1.412 para R$ 1.518. O novo valor do piso passou a vigorar a partir do dia 1º de janeiro de 2025.
O aumento de R$ 106 – ou seja, de 7,5% – foi calculado com base na lei que faz parte do pacote de corte de gastos elaborado pelo governo em novembro. O pacote alterou a política de valorização do salário mínimo, limitando os aumentos às regras do arcabouço fiscal, que favorece o capital financeiro e os ricos.
Na prática, isso comprimiu o aumento do piso nacional em 2025.
A política de valorização do mínimo previa que ele fosse reajustado com base na inflação de 2024, mais o percentual de crescimento da economia nacional em 2023.
No ano passado, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 3,2%, de acordo com a última revisão do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Já a inflação deve fechar o ano em 4,7%. Somadas as duas porcentagens, teríamos um aumento de 7,9%.
Considerada essa conta, o salário mínimo deveria chegar a R$ 1.523.
O arcabouço fiscal, no entanto, diz que as despesas do governo não podem crescer mais do que 2,5%, além da inflação. Com o mínimo enquadrado na regra, o crescimento de 3,2% em 2023 acabou desconsiderado. O mínimo ficou em R$ 1.518, uma miséria, muito abaixo do valor da força de trabalho, que deveria garantir os gastos com saúde, educação, moradia, transporte, lazer, cultura, entre outras necessidades dos trabalhadores e trabalhadoras.
De acordo com cálculos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o salário mínimo em vigor em 2024, fixado em R$ 1.412, representou 20,85% do necessário para viver no Brasil -- o ideal seria R$ 6.959,31 mensais.
No entanto, a cesta básica de alimentos essenciais para uma família brasileira já compromete mais da metade do novo salário mínimo de R$ 1.518, que entrou em vigor em 1º de janeiro deste ano. Segundo estimativa do Dieese, o custo médio do grupo de alimentos deve ficar em R$ 850 em janeiro, o que representa 56% do novo piso nacional. Noutras palavras, boa parte dos brasileiros e brasileiras vão trabalhar para comer!
Essa sangria da classe trabalhadora tem que parar! É hora de pressionar as direções sindicais para a defesa de um salário mínimo que garanta a vida para milhões de trabalhadores!