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ÁFRICA: Viva a luta anti-imperialista no Níger e em toda a África!

ÁFRICA: Viva a luta anti-imperialista no Níger e em toda a África!

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Christian Romero, Tendência Militante Bolchevique - Argentina
Humberto Rodrigues, Partido Comunista - Brasil

 

O "Golpe de Estado" militar no Níger é a expressão mais recente da disputa geopolítica pela África. A disputa entre o imperialismo decadente, baseado na OTAN e liderado pelos EUA, e nações historicamente oprimidas pelo imperialismo, lideradas pela China e Rússia, Estados capitalistas “deformados” por experiências revolucionárias e pós-capitalistas. Após a crise econômica de 2008, o bloco de países liderados por Rússia e China emergiu como competidor do imperialismo no mercado mundial.

A partir de então, a ascensão do pólo eurasiano de países com a Rússia, Bielo-Rússia e China, se consolidaram como nações avançadas, sob regimes de capitalismo de estados tecnocráticos, com um grau diferente de herança dos estados operários burocráticos que constituíram até a penúltima década do século XX. Mas, os países que restauram a propriedade privada dos meios de produção e voltam ao capitalismo, não voltam à fase anterior do capitalismo em que estavam antes do processo revolucionário de expropriação da burguesia pelos quais passaram - pois nada volta à existência anterior na história da evolução da vida natural e social. Nesses casos, China, Rússia, Belarússia e outros não retornaram à fase anterior ao ciclo de revoluções sociais do século XX, mas retornaram ao capitalismo contemporâneo sob desenvolvimento desigual e combinado.

O Níger no mapa da África, acima está o deserto do Saara, o Mali, a Argélia e a Líbia.
Ao lado e abaixo estão Burkina Faso, o Benin, a Nigéria, Camarões e o Chad.

A ascensão da influência desse polo eurasiano em outras partes do mundo oprimido, na Ásia, América Latina e África, expressasse agora através do interesse de vários países africanos vissem a oportunidade de disputar, ainda que em parte, o controle dos recursos estratégicos do continente. Isso gera na África e especialmente na África Central e Ocidental um ciclo de golpes, contragolpes e guerras civis. Nesse contexto, surgem forças beligerantes que buscam se vincular ao polo eurasiano em sua tendência de entrar em contradição com as diferentes frações do imperialismo mundial, não apenas as hegemônicas - como os Estados Unidos - mas também as subalternas como a francesa, que foi convulsionada por várias lutas da classe trabalhadora nos últimos anos. Nesse sentido, o último golpe de julho no Níger insere-se nessa última tendência, em oposição ao imperialismo francês.

Como exemplo dessa tendência em que se insere o golpe no Níger, ascenderam novos governos em Burkina Faso e Mali anos atrás com um crescente sentimento anti-francês apoiados nas massas oprimidas e uma orientação pró-russa.

É necessário também lembrar do golpe de Estado pró-imperialista imposto nos anos 80 em Burkina Faso contra T. Sankara pelo governo F. Mitterrand (do Partido Socialista Francês), apoiando a reação reganiana-tacherista na África.

Hoje, a virada anti-francesa na África central é generalizada e simultaneamente se associa para a busca de uma aliança entre essas nações oprimidas com a Rússia e a China. O atual golpe militar no Níger faz parte dessa tendência. Portanto, não é um golpe pró-imperialista, mas um golpe de Estado que entre em contradição com o imperialismo e que deve ser apoiado por todos os combatentes anti-imperialistas do mundo.
 

"Os governos de Burkina Faso e Mali notificaram a Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) na segunda-feira [31 de julho] que uma possível intervenção contra o Níger seria considerada uma declaração de guerra contra eles."

 

“Por outro lado, eles expressaram sua solidariedade fraterna com o povo nigeriano, que tomou seu destino em suas próprias mãos e assumiu a plenitude de sua soberania diante da história”. e o Mali convidam as forças a estarem prontas e mobilizadas, para dar uma mão ao povo do Níger, nestas horas sombrias do pan-africanismo", conclui o comunicado. (LT9, Mali e Burkina Faso alertam que uma intervenção militar no Níger será uma declaração de guerra contra eles )


O que demostra como na África Central e Ocidental se desenvolve a sensação de ter sido saqueado em seus recursos pelo imperialismo e como crescem as tendências de oposição ao próprio imperialismo. Tudo isso ocorre às vésperas da reunião de lideranças do BRICS na África do Sul, agora em agosto de 2023.

Além do estreitamento crescente das relações com a Rússia, também, do ponto de vista económico, existe agora uma aproximação com a China, atualmente após 9 anos de suspensão das suas atividades é retomado o empreendimento para a extração de urânio no Níger em parceria com a empresa chinesa de urânio.
 

“Sabemos que a cooperação chinesa trouxe grandes avanços tecnológicos e acreditamos que podemos aproveitar esses avanços para ter uma operação moderna e lucrativa para nossa economia no quadro de uma parceria ganha-ganha”, disse o ministro de Minas do Níger, Ousseimini Hadizatou Yacouba, de acordo com a própria imprensa do Níger." (Souleymane Yahaya, Le Sahel, Exploitation miniere: Le Niger et la compagnie chinoise CNUC s'accordent sur la reprise prochaine des activités de la Somina )


A partir de 26 de julho, começaram as mobilizações da população do Níger, como a relatada no artigo da imprensa nigeriana sobre a população de Dosso, em favor do atual Conselho Nacional para a Salvaguarda da Pátria (CNSP), que é como o governo que surgiu após o próprio 26 de julho é conhecido. (Mahamane Amadou, Le Sahel, Dosso /politique: Lespopulations de Dosso apportent leur soutien au CNSP et aux FDS ).

Hoje no Níger é vital unir as táticas da Frente Unida Anti-Imperialista, que hoje no próprio Níger é uma frente única com qualquer força beligerante que contrarie o imperialismo, incluindo o exército regular. A tática da Frente Unida Anti-Imperialista deve fundir-se com a estratégia da revolução permanente, pois só haverá verdadeira soberania do povo explorado e oprimido nigeriano sobre os seus recursos estratégicos no âmbito de uma luta internacional desde a própria África Central para transcender a exploração de trabalho assalariado por capitalistas e latifundiários e para a formação de uma federação de repúblicas com base em conselhos de trabalhadores e camponeses da África Ocidental e Central.

Fora o imperialismo do Níger!

Unir a luta contra o imperialismo com a luta pelo socialismo!

 

 

 
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