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Carta à CUT e a seus sindicatos

Carta à CUT e a seus sindicatos

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Companheiras e companheiros CUTistas,

O Partido Comunista saúda o 14º CONCUT. Nesse ano de 2023, o Partido Comunista aproveita a ocasião para que possamos fazer uma avaliação da conjuntura e das ações necessárias para a maior Central Sindical da América Latina.

Em 2022, a classe trabalhadora abraçou a candidatura Lula pois sabia que era uma oportunidade para tirar Bolsonaro do poder. Foi assim que fomos às ruas, fizemos campanha e enfrentamos os bolsonaristas e todo o aparato estatal utilizado por Bolsonaro em sua campanha. A fração mais consciente da classe trabalhadora apoiou a candidatura Lula, apesar da ampla aliança construída por Lula e o PT com inimigos históricos dos trabalhadores.

A vitória de Lula foi a vitória da classe trabalhadora que comemorou o fim de um governo fascista de trevas e mortes. Portanto, essa vitória é nossa e não podemos deixar que nos tirem. Elegemos Lula para termos um governo que atenda a pauta da classe trabalhadora, que revogue a Reforma da Previdência, a Reforma Trabalhista, o “Novo Ensino Médio”, o Teto de Gastos e que reestatize tudo o que foi privatizado.

A política de ampla aliança com a burguesia trouxe para dentro do Governo setores golpistas que participaram ativamente do golpe contra o governo petista de Dilma Rousseff. Para além disso, tentando construir uma maioria no Congresso brasileiro, o governo Lula amplia suas alianças, trazendo para dentro do Governo até mesmo setores bolsonaristas.

Essa amplíssima aliança impede o Governo de atender às reivindicações da classe trabalhadora como também o impede de se impor aos banqueiros e baixar os juros altíssimos que garantem seus lucros recordes. Impede também que o governo abra o debate no país sobre o fim da independência do Banco Central.

Com isso estamos vendo uma política recuada do governo Lula, que traz uma Reforma Tributária que garante isenção de impostos para o agronegócio e as mineradoras, fortalecendo os setores que mais atacam o MST e os povos indígenas e que financiaram os movimentos fascistas em tentativas de anular o resultado das eleições que deram mandato a Lula. Além disso, temos também o Arcabouço Fiscal que é uma reedição do famigerado Teto de Gastos.

Dessa forma, com certeza, o governo Lula não conseguirá atender às reivindicações da classe trabalhadora, afastando-se dela e se enfraquecendo. A possiblidade de enfraquecimento do governo Lula será o objetivo da burguesia que poderá colocar na ordem do dia golpes parlamentares (impeachment) como fez com Dilma em 2016 ou insurgências fascistas como a do 8 de janeiro de 2023 apoiadas por setores que financiaram e organizaram os acampamentos em frente aos quartéis do Exército Brasileiro pedindo intervenção militar, as tentativas de sabotar a diplomação de Lula e a invasão dos prédios dos Três Poderes.

É bem verdade que nesses últimos seis meses algumas demandas foram atendidas como a retirada da ECT, da CEF e de mais cinco estatais dos programas de privatização e o fim das escolas cívico-militares. Mas a CUT, assim como seus sindicatos filiados, precisa se posicionar firmemente contra a continuidade da política econômica neoliberal de Temer e Bolsonaro e urgentemente iniciar um diálogo com suas bases com o objetivo de preparar a classe trabalhadora para que consigamos a mobilização necessária para anular essa herança maldita e arrancar as nossas reivindicações por aumento salarial, anistia de dívidas, corte de impostos, redução de juros, emprego, terra e teto.

A CUT precisa retornar às suas origens e a prática de mobilização da classe trabalhadora para assegurar que o governo atenda as reivindicações da população que assegurou sua vitória eleitoral sobre o fascismo. Essa é uma das principais garantias para que não se gestem as condições políticas para a direita se fortalecer e tentar novas insurgências fascistas ou de impeachment contra o governo Lula.

Viva o 14º CONCUT!

Viva a luta da Classe Trabalhadora!

Partido Comunista

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