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MARX: um pensador do século XIX, ainda inquieta

MARX: um pensador do século XIX, ainda inquieta

13 de março de 1883, falecia o revolucionário Karl Marx, o maior e mais influente teórico do socialismo científico.

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Fabio Sobral, Professor da Universidade Federal do Ceará


Karl Heinrich Marx, um pensador do século XIX, ainda nos inquieta.


As inquietações diante dele são de admiração e de horror. Há os que não suportam seu nome e suas ideias. Há os que se espantam diante da atualidade de seus pensamentos.


É extraordinário confrontar toda uma época histórica: o capitalismo. E foi isso que Marx fez. Mostrou a exploração e a violência implícitas a este sistema. Tornou-se a voz dos esmagados pelo domínio de impérios. O investigador que dissecou as entranhas do funcionamento do capital.


Descobriu que a forma de roubar o excedente de riqueza produzido pelos seres humanos mudou ao longo da História. A princípio, senhores da guerra ameaçaram camponeses e artesãos e obtiveram seu sustento. Foram sucedidos por sacerdotes antigos e sua dominação mais sofisticada. Posteriormente, surgiram faraós, reis e sátrapas. Nasceram impérios que caçam seres humanos e os escravizam, tais como Roma antiga. Roma é substituída na Europa por senhores de feudos e seus soldados. Dias de trabalho e partes significativas do que era produzido sustentava dominadores cruéis.


 Tudo foi substituído pelo capitalismo, sistema que engoliu o mundo inteiro e todos os povos. Eis a mais sofisticada das formas de dominação. Paguem salários. Calculem os salários pelo necessário à sobrevivência. Substituam a dominação das armas pela dominação econômica. Faça-os acreditar que suas necessidades são fruto de incompetência pessoal. Culpem-nos de não serem produtivos o suficiente, por isso ganham mal. Acusem-nos de não pouparem e por isso sofrerem com carências. Estigmatizem as suas dores, suas incapacidades e suas faltas de mérito.


Marx ouviu essas dores e demonstrou que o capital ganha o excedente calculando pagar aos trabalhadores a quantidade necessária para sobreviverem, sendo o restante da riqueza apropriado pelos capitalistas. Mostrou ainda que esse capitalismo é somente mais uma das formas de exploração de uns poucos seres humanos sobre a maioria dos outros. Pôs o capitalismo no mesmo patamar de senhores da guerra, escravocratas e senhores feudais. Chamou a isso de pré-história humana. A verdadeira humanidade ainda não surgiu. Ainda vivemos no mundo da violência e da exploração.


Marx disse que o capitalismo, apesar de avanços em relação aos demais sistemas, é mais uma forma de produção de miséria para a maioria e de riqueza para uma minoria. Fórmula que identifica todos os sistemas de exploração humana.


Eis o pecado mortal de Marx aos olhos dos asseclas deste sistema. Estes se acham superiores e sofisticados. Mas não estão muito acima de senhores romanos brutais e sanguinários.


Ao identificar que o capitalismo é somente mais uma forma violenta; ao dissecar o seu funcionamento; ao expor o sofrimento humano em diversos períodos de sua existência; ao gritar que é preciso construir uma forma de vida pacífica e colaborativa, em que a humanidade não se veja como inimiga, mas como irmã, Marx se tornou maldito aos olhos dos senhores da riqueza.


Odiado e difamado, Marx segue estudado, debatido, pensado. Suas ideias ainda acalentam o sonho da verdadeira autonomia humana. Suas palavras ecoam pelos séculos a ordem da liberdade. Liberdade contra os capitalistas e suas corporações, contra o Estado que é filho do capitalismo, apesar do que dizem os defensores da "livre iniciativa", coisa que nunca houve. A riqueza do capital foi erguida com exércitos e seus massacres de povos dominados, por dívidas públicas, por legislações sanguinárias, pelo roubo de terras (grilagem) de camponeses em todos os países capitalistas.


Marx vive, pois vivem ainda os gemidos dos explorados!

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