Sionismo: da vitória em seis dias ao pesadelo de seis meses
Se a Guerra dos Seis Dias foi uma vitória do imperialismo sobre vários países árabes, a atual, de seis meses, vem se tornando um desmoralizante pesadelo para Israel e para os EUA, diante da impossibilidade de derrotar o Hamas e o Eixo da Resistência.
César L. Rocha
No dia 5 de julho do ano de 1967, Israel deu início ao que ficou marcado como uma de suas mais importantes e surpreendentes vitórias militares contra as nações árabes. Na ocasião, o estado judeu lançou uma poderosa ofensiva contra o Egito, Jordânia e Síria. A agressão foi uma resposta ao bloqueio que Cairo impusera no Estreito de Tiran contra os navios israelenses, ação que foi vista como um ato de guerra por Tel Aviv.
O que deveria ter sido uma dura disputa entre potências regionais, foi na realidade uma completa humilhação para os países árabes. Em apenas seis dias, o regime sionista triplicou sua área, tomando para si a Península do Sinai e a Faixa de Gaza do Egito, as Colinas do Golã da Síria e a região da Cisjordânia.
A Guerra dos Seis Dias, como ficou conhecida, representou uma vitória formidável do imperialismo. Particularmente, tal evento foi uma das maiores demonstrações de força e invencibilidade de Israel diante dos seus rivais no Oriente Médio. No entanto, essa imagem do “Davi que derrota qualquer Golias” contrasta com o que está ocorrendo hoje na Palestina.
Como é sabido, no dia 7 de outubro de 2023, a resistência da Faixa de Gaza iniciou uma grande operação contra Israel, dizendo um basta à ocupação, ao apartheid e ao embargo criminoso ao qual foram submetidos. Logicamente, a resposta sionista está sendo brutal, com bombardeios intermináveis e uma grande invasão por terra. Todavia, chama a atenção o fato de que a IDF (Forças de Defesa de Israel) tem mostrado dificuldade em assumir o controle total do enclave. Então surge a questão: como pode o exército que já derrotou em seis dias três grandes inimigos estar há seis meses sofrendo para vencer um oponente tão mais fraco? Esse fenômeno é na realidade uma combinação de diversos fatores.
Primeiramente, as táticas de guerrilha do Hamas e das outras organizações palestinas têm impostos baixas constantes ao exército invasor. Claro que os danos de cada ataque das brigadas Al-Qassan (braço armado do Hamas) é limitado. Entretanto, essa é uma guerra de desgaste, e experiências como o Vietnã e a Argélia provaram que para uma guerrilha vencer, basta ela não ser derrotada.
Em segundo plano, os palestinos contam com a solidariedade do chamado eixo da resistência. Não se trata de um grupo único, mas de uma aliança de diversos movimentos revolucionários nascidos dos destroços que o imperialismo deixou no Oriente Médio. Nesse sentido, assim como outrora o Egito bloqueara a passagem de Israel pelo Mar Vermelho, hoje quem o faz são os guerreiros Huthies, do Iêmen, que não se acovardaram mesmo diante dos bombardeios feitos pelos EUA e Reino Unido (principais apoiadores de Israel). Ademais, os companheiros do Hezbollah têm trocados ataques de forma quase que ininterrupta ao longo da fronteira com o estado judeu, forçando parte das tropas sionistas a ficarem estagnadas no Norte, portanto aliviando a pressão em Gaza. Já no Iraque e na Síria, as bases ianques não pararam de ser bombardeadas pelas Forças de Mobilização Popular, o que mostra que esse conflito se tornou mais abrangente do que os “donos do mundo” podiam imaginar.
Em suma, Israel pode estar mais forte, Egito e Jordânia podem ter capitulado, o apoio das potências ocidentais pode ter aumentado, e seu inimigo pode parecer mais fraco, porém o sionismo não apenas não conseguiu repetir a humilhação da década de 60, como agora está sendo humilhado por seu fiasco.
Assassinar 33 mil pessoas, não parece mais uma amostra de força, e sim de desespero por não ser capaz de liquidar os grupos guerrilheiros da Palestina. Tal sensação de derrota não é por acaso, afinal desta vez não se trata de uma disputa territorial com países vizinhos. Esta guerra, é um combate revolucionário de grupos diferentes em religião e ideologia que souberam relevar suas discordâncias para fazer frente ao imperialismo. O eixo da resistência representa a revolta de povos que já não tem nada a perder e que continuarão lutando, até que os ventos da revolução árabe tenham derrubado qualquer muro construído para separá-los de sua emancipação.
VIVA A PELESTINA! VIVA A RESISTÊNCIA!