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O terrorismo da extrema direita na ditadura

O terrorismo da extrema direita na ditadura

Não esquecer para que não se repita. Abaixo a ditadura!

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Grafites da organização terrorista Comando de Caça aos Comunistas - Arquivo Nacional / Correio da Manhã

Rui Leitão

Organizações terroristas da extrema direita atuaram durante a ditadura militar no Brasil. Eram grupos civis-militares anticomunistas que utilizavam táticas violentas com o intuito de identificar, perseguir e torturar opositores ao regime. As que mais se destacaram foram o CCC – Comando de Caça aos Comunistas, o MAC – Movimento Anticomunista e a AAB – Aliança Anticomunista do Brasil. 

O CCC surgiu em 1963, fundado pelo policial civil e estudante de Direito Raul Nogueira de Lima, que se tornaria um torturador no DOPS conhecido como "Raul Careca". Dele participavam estudantes da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo e da Universidade Presbiteriana Mackenzie, policiais e intelectuais favoráveis à ditadura militar. Segundo o almanaque do jornal “Folha de S. Paulo”, o CCC foi responsável pelos seguintes eventos: invasão e destruição da Rádio MEC, no Rio de Janeiro, logo após o golpe de 31 de Março de 1964; invasão do Teatro Ruth Escobar, em São Paulo, onde espancaram o elenco do espetáculo Roda Viva (em 18 de julho de 1968); batalha campal na rua Maria Antônia, em São Paulo, no dia 3 de outubro de 1968, entre  alunos da Faculdade de Filosofia da USP (considerada como um reduto da esquerda política) e da Universidade Presbiteriana Mackenzie (tida como reduto da direita), quando o prédio da Faculdade de Filosofia da USP foi incendiado, e um jovem secundarista, José Carlos Guimarães, de 20 anos, morreu, atingido por uma bala na cabeça; atentado à bomba no Teatro Opinião, no Rio de Janeiro (em 2 de dezembro de 1968) e o sequestro, tortura e assassinato do padre Antônio Henrique Pereira Neto, auxiliar de D. Helder Câmara, em Recife (em 26 de maio de 1969).

O MAC- Movimento Anticomunista foi criado por um grupo paramilitar de direita, numa reação à decisão do governo João Goulart de restaurar relações diplomáticas com a União Soviética. Suas palavras de ordem eram: “Morte aos traidores Prestes e Julião”, “Fuzilemos, brasileiros, os lacaios de Moscou”, “Fogo nos comunistas” e “Guerra de morte ao PCB”. Suas principais ações foram: metralhar a sede da UNE, no Rio de Janeiro e a destruição da gráfica do jornal governista “A Última Hora”. Aliou-se ao CCC, promovendo intimidações aos movimentos estudantis, artísticos e políticos de resistência à ditadura, em colaboração com o aparelho repressivo do Estado.

A AAB – Aliança Anticomunista do Brasil foi fundada em Recife, mas suas principais atividades ocorreram na Região Sudeste do Brasil. Seu objetivo maior era amedrontar a imprensa, instituições e pessoas que identificavam como oposição ao regime ditatorial. As principais ações do grupo ocorreram no ano de 1976, com explosão de bancas de revistas e atentados a ABI – Associação Brasileira de Imprensa, OAB – Ordem dos Advogados do Brasil e a residência do jornalista Roberto Marinho, da Rede Globo. Costumava deixar panfletos nos locais dos atentados assumindo a autoria dos atos terroristas. Na ABI, produziu a seguinte mensagem: “A Associação Brasileira de Imprensa (ABI), totalmente dominada pelos comunistas, foi escolhida para esta primeira advertência. De agora em diante, tomem cuidado, seus ‘lacaios de Moscou’. Não daremos trégua. Já que as autoridades recolhem-se covardemente, nós passaremos a agir”.

A prática do terrorismo, por esses movimentos da extrema direita brasileira, espalhando os ideais anticomunistas pelo país de forma impune, era chancelada pelo governo e não pode ficar no esquecimento. A historiografia resgata esses atos condenáveis, idealizados e executados com a cumplicidade do Estado, numa explícita posição de intolerância à abertura democrática. As vítimas da violência ditatorial, após longo tempo de silêncio, ganharam espaços para falar, comprovando que o Golpe de 64 não foi um projeto de organização do regime, exclusivo dos militares, mas contou com o apoio e participação de simpatizantes entre estudantes e intelectuais, além de empresários, jornalistas e instituições civis, difundindo medo e ampliando as violações contra os chamados “subversivos”. A História não pode ser esquecida para que não se repita.

 

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