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VENEZUELA: a revolução bolivariana é o maior exemplo de resistência ao golpismo imperialista-fascista no século XXI

VENEZUELA: a revolução bolivariana é o maior exemplo de resistência ao golpismo imperialista-fascista no século XXI

A excepcional revolução burguesa e nacional fez com que o chavismo sobrevivesse apesar de ter sido a força política mais golpeada do mundo

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Humberto Rodrigues (PC – Brasil), Christian Romero (TMB – Argentina)

A Venezuela foi o país que sofreu mais tentativas de golpes pelo imperialismo em todo o século XXI.

Surpreendentemente, foi o único que até agora resistiu a todas. Todos os recursos da caixa de ferramentas da chamada “guerra híbrida” foram aplicadas contra a Venezuela e o chavismo: golpe de estado com deposição e prisão do presidente, lawfare, condenação internacional, demonização midiática, confisco das reservas internacionais, governante postiço imposto pelo Congresso, invasão militar naval, bloqueio comercial, paramilitarismo, cerco parlamentar para impeachment, sabotagem de eleições,... de tudo foi tentado e todas foram derrotadas.

Como isso foi possível sem a instalação de um governo revolucionário dos trabalhadores, baseado na ditadura proletária e na luta internacional da classe trabalhadora, cobrindo de solidariedade ao país oprimido, ou sem sequer a intevenção direta de um Eixo da Resistância (composto por Rússia, Síria, Irã e seus exercitos guerrilheiros aliados no Líbano, Iraque, Iêmen) como o que blindou a Síria do destino bárbaro do golpismo que trucidou a Líbia?

A disputa pelo controle da Venezuela reside sobretudo pelo fato de que é o país latino-americano que possui as maiores reservas de petróleo do mundo, o primeiro país no ranking de reservas, detentor de 17,9% das reservas mundiais, sem incluir ainda a fração de Essequibo que segue em disputa e agora está sob apropriação das pretroleiras estadunidenses (ver "No campo da Venezuela contra a Exxon Mobil e o imperialismo anglo-ianque! Sobre o conflito na Guiana Essequiba"). O petróleo e seus derivados são a principal matriz energética do planeta. Juntamete com o gás e o carvão o petróleo e seus derivados são as principais fontes energéticas da Terra. 81% da matriz energética mundial é composta de recursos não renováveis, em sua maioria petróleo, carvão mineral e gás natural.

Além do petróleo, a própria existência do chavismo e sua posição ativa na política mundial em desafio constante contra o sistema imperialista de dominação projetaram a importância do país na geopolítica. Durante os mais de vinte e cinco anos desde que Chavez foi eleito em 1998, as posições políticas assumidas pelo país contra o golpismo e o colonialismo (Líbia, Síria, Palestina, Irã, Sahel,...) e a favor de uma integração regional e mundial dos povos oprimidos, exponenciaram a disputa pelo governo do país na geopolítica mundial. Derrubar Chavez, e agora Maduro, por qualquer que seja a forma, passou a ser uma das prioridades dos EUA e seus agentes.

O segredo da excepcionalidade do chavismo: uma revolução burguesa, tardia, no século XXI, em plena decadência do sistema imperialista de dominação global

Apesar do chavismo não ser uma corrente marxista revolucionária, apesar de não expropriar a burguesia Venezuela como classe, todos os comunistas da contemporaneidade precisam aprender e defender a experiência venezuelana para combater o golpismo e o fascismo imperialistas em seus próprios países.

A marca principal do governo Hugo Chavez havia foi o estabelecimento das 49 Leis Habilitantes que tinha como principais medidas o fortalecimento do controle do governo sobre a empresa petrolífera PDVSA e estabelecimento de uma reforma agrária  para a expropriação de terras "ociosas". A reforma agrária e a soberania energética, tarefas das revolução burguesa, foram renunciadas por todas as burguesias nacionais latino-americanas após a onda de golpes de estado das décadas de 1960 e 70 e integração dessas burguesias a financeirização-neoliberal iniciada nos anos 80 na América Latina a partir de Pinochet. As Leis Habilitantes constituíam conquistas sociais para o povo venezuelano, conquistas sociais que irritavam a burguesia, a direita e o imperialismo.

A realização das tarefas da revolução burguesa na era imperialista é uma tarefa dos trabalhadores. As burguesias contemporâneas se mostraram incapazes de realizá-la. Que o chavismo, uma força popular e pequeno burguesa, apoiada em vastos setores armados do proletariado, em frações nacionalistas da burguesia e do aparato repressivo, tenha sido capaz de avançar nessas tarefas sem completá-las, só demonstra que se trata de uma expressão excepcional que segue confirmando a regra. Essa excepcionalidade se apoia em algumas mediações como a negativa do imperialismo em tentar cooptar-pactuar com o inimigo, a condição de petro-estado da Venezuela, a impossibilidade do país crescer sem realizar a reforma agrária e romper com a condição monoprodutiva dependente, etc. Sobre o caráter do chavismo e da revolução bolivariana abordaremos em outro artigo.

A resistência ao golpismo imperialista é parte e prova da excepcionalidade chavista em meio a capitulação geral dos governos burgueses nacionais, reformistas e populares, como o lulismo brasileiro e o peronismo argentino.

Como nos ensinou um revolucionário bolchevique:

"O dever dos revolucionários é defender toda conquista da classe trabalhadora, ainda que tenha sido desfigurada pela pressão de forças hostis. Aqueles que são incapazes de defender as posições tomadas, nunca conquistarão outras novas." (Em defesa do Marxismo, Leon Trotsky, 25 de abril de 1940).

E as conquistas sociais da revolução nacional bolivariana, têm sido profundamente desfiguradas pela pressão das forças hostis das 936 medidas coercivas unilaterais que o governo dos Estados Unidos da América mantém contra o desenvolvimento económico do povo da Venezuela, pelas sanções imperialistas e maquinações golpistas.

Junto com Cuba, Nicarágua e Bolívia, Venezuela é o país mais próximo politicamente do bloco de países oprimidos que resistem ao imperialismo, bloco encabeçado por China, Rússia e Irã, são o que o imperialismo abomina e demoniza como novo “eixo do mal”.

Nas eleições de 28 de julho o chavismo enfrenta o fascismo maquiado, agente do imperialismo e sim, Maduro está certo: se os agentes do imperialismo vencerem o pleito, tendem a buscar aniquilar todas as conquistas da revolução bolivariana, como já havia tentado desde a primeira tentativa de golpe, com Carmona e a Fedecâmaras em 2002, além de cooptar ou exterminar o chavismo por meio de uma guerra civil.

 


+ sobre o tema:

Votar em Maduro para derrotar o fascismo!

Nem Kamala Harris! Nem Donald Trump!

É dever dos trabalhadores e das trabalhadoras da América Latina a defesa da Venezuela contra o fascismo, o golpismo e o imperialismo.

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