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São Paulo-SP: Votar em Boulos contra o fascismo, apesar das contradições de Boulos!

São Paulo-SP: Votar em Boulos contra o fascismo, apesar das contradições de Boulos!

A dialética nas eleições municipais paulistanas e a luta contra "o sistema"

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No segundo turno das eleições para a prefeitura de São Paulo, Boulos (PSOL/PT) poderia ganhar se explorasse a contradição política entre os dois bandos rivais bolsonaristas, se arrastasse uma fração dos eleitores de Marçal que votaram contra Nunes porque querem uma mudança antisistêmica. Para isso, precisaríamos de uma mudança radical na política de Boulos, que buscasse capitalizar a insatisfação social latente na base da ascensão do fenômeno midiático fascistóide, acenasse explicitamente para o atendimento de todas as demandas da população que não quer ser ludibriado com a continuidade das gestões tucanas como Doria, B. Covas, Nunes ... na prefeitura, que só potencializaram o crescimento da miséria e insegurança social.

Uma forma da candidatura da esquerda capitalizar a insatisfação social da população poderia ser o atendimento de uma antiga demanda popular, motivo principal das manifestações de 2013, inclusive em São Paulo, a tarifa zero nos trasportes. Então, em vez de uma tímida proposta de Boulos de liberação dos motoristas de Uber do rodízio de placas, o candidato poderia defender não só isso mas além disso, a ampliação do passe livre, que já existe aos domingos, para toda a semana, como já existe e vem sendo realizado em mais 80 cidades do país, inclusive por prefeituras da direita. Isso poderia animar ao eleitorado trabalhador, que gasta muito com transporte, e emparedaria Tarcísio para fazer o mesmo nos metrôs.

Tentando coagir Boulos a manter uma campanha aburguesada, moderada, a não se apoiar na insatisfação social que a candidatura tecnofascista de Marçal explorou muito bem pela direita, Nunes, o bolsonarista e mais ainda tarcisista, se apresenta como o candidato moderado, contra o “extremismo” do "invasor", Boulos, que ,desgraçadamente, cai no jogo do adversário e fica de fato coagido, limitando-se a exigir que quebre o sigilo de sua conta bancária.

Boulos teria que encarnar a voz da rebelião da periferia abandonada contra a Faria Lima privilegiada: dizer que falta creche para milhares de mães pobres deixarem seus filhos porque Nunes roubou o dinheiro das creches, que o problema essencial dos apagões cada vez mais danosos e reincidentes precisa ser combatido com a reestatização da Eletrobras e que Lula pode e deve fazê-lo, para assegurar que milhões de pessoas em São Paulo não sofram novamente o que estão passando e que os trabalhadores do Brasil inteiro avancem em direção à conquista da soberania energética para o país. Esse programa se oporia pelo vértice ao de Nunes e de seu padrinho privatista Tarcísio, polarizando projetos opostos tanto para essa como para as eleições presidenciais de 2026.

No plano das candidaturas proporcionais na capital paulista, a esquerda, PT e PSOL, cresceu em quantidade de votos mas manteve a mesma quantidade de vereadores. Entre os dez vereadores mais bem votados na cidade de São Paulo, três são mulheres de esquerda, 2 do PSOL e 1 do PT, Luna Zarattini (PT) teve mais de 100 mil votos. Luna foi apoiada formalmente pelo Comitê Popular Antifascista, composto pelo PC, PCLCP, PRC e IC.

 

As contradições da candidatura do PSOL/PT

Tendo origem no movimento popular, sem teto, da periferia, a candidatura de Boulos ficou muito aquém de seu potencial, acreditando que o segundo turno estava assegurado e fazendo uma campanha para buscar confiabilidade da burguesia. Boulos está parecendo fazer um discurso para seduzir menos aos eleitores da periferia e mais aos da Avenida Faria Lima, tática que não convence os inimigos de classe e desmoraliza a militância de esquerda e a luta mundial dos oprimidos.

Boulos busca ser o Boric brasileiro. Boric é o presidente chileno socialista pró-imperialista, em favor da OTAN contra a Rússia na Guerra na Ucrânia, e contra a soberania da Venezuela ameaçada pelo imperialismo. Boulos criminalizou a resistência palestina e foi além do próprio governo de frente ampla de Lula repetindo a cantinela da Casa Branca de que o governo da Venezuela é uma ditadura, ou seja, o programa geopolítico e ideológico do sistema imperialista de dominação global.

Para piorar, em pleno segundo turno em que as candidaturas de esquerda disputam contra a direita o voto do eleitorado empobrecido em várias cidades do país, o governo Lula, através do ministro da Economia, Fernando Haddad, anunciou que vai cortar investimentos em benefícios sociais destinados aos mais pobres, para agradar a burguesia e o capital financeiro e vai adiar a concessão de anistia da cobrança do imposto de renda para os trabalhadores que recebem até 5 mil reais. Manifestações e declarações catastróficas e neoliberais que tem sido utilizadas pela direita para desmoralizar os governos de esquerda. Com esses representantes políticos fazendo essas declarações e defendendo essas políticas, não precisamos de inimigos, nossos próprios aliados nos sabotam. Com esses limites nos programas de governo municipais e federal da esquerda, fica difícil derrotar a direita. Com essas políticas, Lula e Boulos jogam água no moinho da direita, prejudicando suas próprias perspectivas polítcas, pois a miséria crescente empurra a população trabalhadora para as ilusões religiosas, para o fanatismo, o combustível da direita fascista.

Assim, sob uma orientação política de moderação e conciliação com a burguesia, a campanha de Boulos restringiu-se a conquistar as zonas centrais e de classe média, foi perdendo grande parte da periferia para Nunes e Marçal, sendo uma vitória ter passado para o segundo turno. A candidatura Nunes, vice-prefeito do vice-prefeito de Dória, não conseguiu realizar a almejada frente ampla da direita nem no primeiro e nem no segundo turno. Uma fragilidade da frente adversária que não poderia ser desperdiçada pela esquerda.

Ainda acerca do segundo turno da eleição municipal mais importante do país, é preciso notar que as demais candidaturas da direita (Tabata e Datena) apoiam, formalmente, Boulos, enquanto Marçal não apoia formalmente Nunes. Esse elemento poderia nos ser favorável se houvesse uma mudança radical da orientação política da campanha em favor de conquistar a periferia com a propaganda explícita de Boulos para o atendimento das demandas mais sentidas dos bairros proletários e pauperizados (defendidos pelo Comitê Popular Antifascista), que foram enganados pelo discurso “antissistema” de direita de Marçal e pela demagogia conservadora e enxurrada de dinheiro de Nunes/Tarcísio.

Além de não conseguir coesionar o apoio dos candidatos da direita derrotados, de não conseguir estabelecer uma frente ampla de direita contra a candidatura da esquerda, o desgaste político e a rejeição de Nunes aumentou depois do apagão.

Como se vê, nosso partido não apoia Boulos por seu programa e suas virtudes, mas pela ameaça que significa a vitória de Nunes, Tarcísio e Bolsonaro. A reeleição do candidato da direita dará continuidade de forma acelerada ao ritmo de pauperização das massas que já produziu 80 mil sem tetos na mais populosa cidade do continente americano e mais rica da América Latina, tornando mais desfavorável a luta por melhores condições de vida para milhões de trabalhadores.

 

A luta contra o sistema imperialista-capitalista

Seria possível derrotar Nunes e Tarcísio reconquistando a periferia para a luta por suas reivindicações se nosso candidato defendesse de forma radical e antisistêmica as necessidades elementares da população trabalhadora e oprimida paulistana.

Entendemos como sistema não apenas o sistema capitalista, mas sua “fase superior”, o sistema imperialista consolidado e hierarquizado após a segunda guerra mundial. Ser antissistema não é ser apenas contra o neoliberalismo, mas ser contra o sistema imperialista imposto aos povos oprimidos, como no Brasil ou na Venezuela.

Ao mesmo tempo, ser antissistema é fazer uma disputa ideológica por um novo sistema mundial, baseado não na falácia do empreendendorismo, na ganância e na prosperidade individual, mas na solidariedade mútua, na fraternidade entre os povos, na luta revolucionária pelo fim da propriedade privada dos meios de produção para que todos tenham uma vida plena.

Utilizando as eleições municipais burguesas no sentido de fazer agitação tática pela derrota da direita fascista-privatista e por essa estratégia socialista, defendemos o programa comum estabelecido pelo Comitê Popular Antifascista, do qual nós do Partido Comunista fazemos parte juntamente com outras organizações comunistas:

  • Reforma urbana que distribua os milhares de imóveis ociosos da capital para quem não tem onde morar. Fim da especulação no entorno da cracolândia;

  • Programa de geração de emprego com carteira assinada em obras públicas e serviços;

  • Passe livre nos transportes coletivos municipais;

  • Fim do processo de militarização da GCM. Pela punição dos militares assassinos e torturadores de 1964 e de hoje!

  • Em defesa do direito de cátedra. Contra a padronização da Educação, limitadora da ação criativa pedagógica e que aprofunda as relações de alienação do trabalho;

  • Pelo fim da terceirização dos serviços públicos e relacionada ao atendimento das demandas da educação infantil e fundamental;

  • Realização de concursos públicos para provimento dos cargos necessários ao suprimento das necessidades das escolas de educação infantil, adequando tanto o número de crianças por adulto em cada agrupamento, bem como o número de servidores do quadro de apoio que garanta a manutenção adequada das unidades escolares.

Veja também os diálogos promovidos pelo Canal Emancipação do Trabalho sobre o segundo turno em São Paulo e no restante do país:

A luta contra o fascismo nas eleições municipais

2° turno: e agora?

 

São Paulo-SP: combater o fascismo é tarefa de todos aqueles que defendem a liberdade e os trabalhadores!

Comitê Popular Antifascista - São Paulo

 

Nota do Comitê Popular Antifascista de São Paulo

Militantes do Polo Comunista Luiz Carlos Prestes, do Partido da Refundação Comunista e do Partido Comunista constituíram um Comitê Popular Antifascista, o panfleto “Eleger Boulos contra o fascismo”, com as demandas dos comunistas para o candidato a prefeito e a Câmara Municipal.

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