Somos latinos com muito orgulho! Abaixo o racismo e a xenofobia!
Sim, nós brasileiros somos um povo latino, mas não é só isso, somos latino-americanos, e não há nenhum problema nisso. Pelo contrário. A América Latina, que em sua maioria fala espanhol,(com exceção, óbvio, do Brasil que fala o Português) e se estende desde o México, passando pela América Central,Brasil, até o extremo sul da Argentina e Chile. A região conta com pelo menos 600 milhões de habitantes. Se considerarmos somente o Brasil, passa de 200 milhões.
João Evangelista, diretor do Sindicato dos Funcionários Públicos de Diadema
Precisamos sentir orgulho da nossa história latino-americana, de nossas lutas pela independência, de nossa identidade. Temos que unificar a união de todos os países da região num projeto socialista, anti-imperialista.
A discussão sobre ser latino americano está em voga desde que o novo presidente do império em decadência, Donald Trump, escolheu imigrantes latinos como alvo principal em seus primeiros ataques. A alegação absolutamente falsa e discriminatória é de que os imigrantes roubam os empregos dos cidadãos estadunidenses. A verdade é que existe uma crise econômica de vários anos no país, o qual está perdendo à sua hegemonia mundial, com seus gigantescos déficits públicos e enfrentando uma crescente rivalidade com a nova potência mundial, a China e o desafio do surgimento do Brics. O dólar, mesmo ainda tendo o domínio no comércio mundial enfrenta a possibilidade vir a ser substituído.
No ano de 1971, o presidente Richard Nixon desvinculou o ouro como lastro para o dólar. O dólar continuou a ser a principal moeda de reserva mundial, mas sem o lastro em ouro, seu valor passou a ser determinado pela confiança na economia americana e pelas políticas monetárias dos EUA. Uma confiança que está cada vez mais duvidosa.
Em resumo, mesmo que grande parte dos cidadãos estadunidenses estejam empregados, a inflação e a sensação de perda de poder aquisitivo se acentuaram nos últimos anos, abrindo caminho para a extrema direita trumpista. Portanto não cabe essa culpa aos imigrantes, sejam eles legalizados ou não. Afinal de contas, o trabalho mais pesado na agricultura, comércio, alimentação, etc, é feito pelos imigrantes. Já há estudos de que sem eles, o PIB estadunidense cairiaalgo como 17% da força de trabalho. Portanto, essa política demagógica de Trump, a médio e longo prazo, nao se sustenta.
Portanto a necessidade urgente de mobilização tanto internamente, como internacionalmente de resistência contra essa política racista e xenofóbica. As recentes atitudes dos governos brasileiro, mexicano e colombiano são importantes marcos de resistência que deveriam servir de exemplo para toda a América Latina.
E não se enganem. Se num primeiro momento o alvo são os trabalhadores imigrantes considerados ilegais, as consequências atingem inclusive aqueles que já estão no país há vários anos, ou seja, aqueles trabalhadores que alcançaram a legalização, e também aqueles filhos de imigrantes que são cidadãos estadunidenses porque nasceram lá. O racismo lá, sob inspiração e incentivo da nova gestão, tende a se naturalizar ainda mais e a população negra e nativos indígenas não ficará isenta.
Há algo muito curioso na cultura racial nos EUA. A discriminação vai além da cor da pele. Ela também se manifesta pela língua materna do imigrante, do cidadão, ou mesmo do turista. Por exemplo, se pela nossa brasileira cultura entendemos que a modelo Gisele Bundchen é absolutamente branca, com todos os seus privilégios étnicos. Lá ela é considerada latina. Isto é, nao branca. Chocante, certo? Mesmo ela sendo uma figura internacional e milionária, nao é isso que a torna uma branca estadunidense. Imagine então o ator Wagner Moura, ou para finalizar…Fernanda Torres.
Pois bem, o recém empossado presidente estadunidense (recuso-me a definir os cidadãos dos EUA como americanos, afinal somos todos americanos, certo?) acaba de declarar guerra econômica contra a América Latina caso não diminuam as tarifas de importação dos produtos do império. Expulsou brasileiros e latino americanos com absoluta falta de respeito e dignidade. Me pergunto se faria a mesma coisa com europeus ocidentais ou japoneses? Duvido!!!
Me causa espécie a forma como a nossa elite brasileira, branca, classe média, conservadora, ama os EUA e se identifica com valores que não são os nossos. Puro vira-latismo subserviente. Essa viagem de parlamentares brasileiros, pago com o nosso dinheiro, para irem à posse de Trump batendo palmas para o opressor é vergonhoso. Ficaram de fora da festa, lógico!
Está na hora, aliás, à passou da hora de não só valorizarmos o nosso país e a nossa cultura, como passarmos a olhar para América Latina de fala espanhola como nossos irmãos. Afinal, somos todos latinos-americanos afinal! Temos muito mais em comum que com nossos vizinhos do que com os brothers do Norte! Temos os mesmos problemas estruturais. Lutemos por uma América Latina socialista, livre, soberana, do Oceano Pacífico ao Atlântico! Hasta la vitória, sempre!!!