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Lições da Deepseek (China) para os trabalhadores

Lições da Deepseek (China) para os trabalhadores

Podcast do professor marxista Leonardo Lima Ribeiro

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(00:00) Quais as lições da DeepSeek para um projeto socialista que permite alguns avanços em direção ao comunismo, né? O que nós podemos absorver e como nós podemos conscientizar os trabalhadores para desenvolverem projetos tecnológicos que façam enfrentamento ao monopólio internacional das ideias, das tecnologias e das formas mais exploratórias de meio ambiente, né?

Pelo que eu estava olhando, cara, é porque envolve questão de energia, né, questão de matéria-prima para produzir, trabalhadores envolvidos, captação de recurso e quem banca isso para criar projetos inovadores de concorrência internacional, né? Aí o que eles chamam de ecossistema, né? Qual é o ecossistema que sustenta uma empresa dessa pequena, né, que leva todo o mercado de especulação em cima de uma nova tecnologia monopolizada a ruir, a cair? Isso é muito interessante.

(00:47) Então, se a gente somar todos esses fatores, né, e ainda colocar o fato de que as empresas que saíram perdendo são vendidas pelo monopólio internacional como vítimas, a gente consegue compreender mais ou menos que até essa coisa liberal de inovação e tecnologia nas startups, né, é meio faca, né? Porque existe um monopólio muito claro em relação a quem deve tutelar os processos de desenvolvimento tecnológico, né?

E aí, quando essas novas startups estão surgindo, e a gente coloca isso quase como uma ferramenta meio antissistema dentro do próprio sistema, a gente consegue encontrar aberturas, né? Então, de alguma forma, está surgindo aí, contraditoriamente, uma forma de produzir startup que atua inversamente aos próprios mecanismos ocidentais do capitalismo, embora haja capitalismo aí, entende?

(02:16) Mas é um fenômeno que a gente poderia explorar para poder instigar, estimular a produção de novas ideias para quebrar esse ciclo de monopólios, né? E a gente pode incentivar as novas gerações a criarem esse tipo de coisa, quase como se fosse uma ferramenta de resistência mesmo, né?

Então, esse comentário que eu fiz aqui para ti é também uma forma de avaliar quais são as consequências desse movimento de surgimento da DeepSeek na quebra desse monopólio do desenvolvimento tecnológico, né? Através de que você tem todo o sistema financeiro, toda a especulação financeira vinculada a esse desenvolvimento tecnológico em associação com instituições de pesquisa e ciência no Ocidente, né, e também forças militares implicadas, né? Além do Vale do Silício, no que está em relação com essas forças militares.

(03:01) Então, nesse caso, o que a gente poderia observar é que existe todo o movimento antimonopólio do desenvolvimento das tecnologias que barateia os custos da produção daquele produto, no caso, a inteligência artificial, né? Uma vez que existe um processamento mais rápido de informações a partir de dados, a partir de matérias-primas que não exigem tanto do planeta, inclusive.

Não por acaso, a China está também investindo em tecnologias renováveis, né, enquanto o Ocidente está dando esse passo atrás em direção ao petróleo. Então, a DeepSeek tem uma lição socialista aí para nós. Existe uma possibilidade de nós identificarmos um movimento aí bem interessante, né?

(04:29) Então, a gente poderia escrever um pouco sobre isso, talvez até juntar esses áudios aqui e postar também. De todo modo, esse barateamento dos custos de produção, o que envolve energia, trabalhadores e outras matérias-primas, é feito sob mediações políticas de um país que fez a sua revolução socialista, embora tenha aprendido a lidar com algumas leis intracapitalistas no mercado, né?

As consequências políticas a gente pode, por outro lado, identificar como uma forma de fazer frente a uma certa forma de concorrência internacional, onde, lá onde se tem, diz-se que tem uma liberdade de concorrência, não há um monopólio da produção de tecnologia. E quando se quebra esse monopólio da produção de tecnologia dentro de enclaves, dentro de tribos que concorrem apenas umas com as outras, o mercado chia e fica chocado.

(05:21) E, por outro lado, você vê que isso acaba trazendo benefícios para a classe trabalhadora de alguma forma, por um lado, né? Uma vez que se trata de inteligência artificial, o barateamento desses gastos, por outro lado, pode fazer com que efeitos colaterais surjam, caso não exista a possibilidade de essas tecnologias não trazerem para os trabalhadores benefícios civilizatórios, mas sim malefícios, né?

Como desemprego em massa e expansão dessa possibilidade de não ter condições melhores de vida, né? Uma vez que a inteligência artificial, junto com seu machine learning, que é a capacidade das máquinas aprenderem, junto com os robôs, está começando a tirar emprego das pessoas e está colocando no lugar humanoides, né?

(06:47) O capital morto está imitando a vida humana, e com essa vida humana sendo imitada, os próprios seres humanos estão sendo descartados, né? Além de estarem aceleradamente envolvidos num processo de barbárie muito grande. E é preciso também tocar nesse problema. Eu acho que aí tem pauta para um programa ou pelo menos para uma outra fala do Fábio a respeito, junto com as suas contribuições.

Porque uma coisa que não está sendo dito pelos socialistas e pelos comunistas e que me preocupa é exatamente a falta de entendimento sobre o que é machine learning e produção de robôs. As duas mãos correm paralelo pelas vias militares, pelo Vale do Silício.

(07:32) Agora, uma coisa é falar sobre isso na perspectiva do Ocidente, outra coisa é falar sobre isso na perspectiva chinesa, asiática, né? Esse é o primeiro ponto, né? Mas, independentemente dessas diferenças, dessas implicações, nesse momento, o importante é falar que o capital morto está ganhando uma vida artificial por meio do fato de que os robôs estão aprendendo com os seres humanos através dessa ferramenta de machine learning, né?

As máquinas aprendem cada vez que nós oferecemos os dados para elas, e quando isso acontece, você vai criando um cérebro em expansão. Esse cérebro em expansão, que é um capital constante artificial, vai sendo indexado aos robôs.

(08:13) Com base nisso, a gente vai observando, em paralelo, a flexibilização das leis trabalhistas, as dificuldades de emprego cada vez maiores por parte dos trabalhadores, né? Então, essa é uma problematização que deve ser colocada, né? Porque não se adianta falar só que o trabalhador deve fazer a revolução quando ele, na verdade, está sendo sacado fora das próprias regras civilizatórias do capital, que também são as regras da barbárie.

Não tem essa dialética. Ele está sendo sacado fora à medida que vai sendo substituído por imitações de indivíduos humanos que não têm a capacidade de falhar, né? Ou, quando falha, você conserta aquilo, vai melhorando os processos cada vez mais.

(08:55) Esse cenário vai sendo montado. A pergunta é: Ocidente e Oriente querem a mesma coisa nesse sentido, né? De fato, o capitalismo internacional está unido com as suas várias empresas, de diferentes países, para esse mesmo projeto, né? Ou nós temos países com grupos políticos com diferentes histórias, apontando para caminhos divergentes?

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