Organizar a luta contra o pacote ultraliberal do governo
O governo acredita que o que é bom para a Faria Lima é bom para o Brasil. Ao cretinismo parlamentar típico das democracias burguesas se soma o cretinismo governamental. E se o eleitor pune a ala esquerda da frente amplíssima e vota na direita tradicional e mesmo na extrema-direita, a culpa é do “pobre de direita” que elege quem tira seus direitos.
Publicamos texto inicial da Nota Semanal de Conjuntura da Organização Comunista Arma da Crítica de 05/11/2024.
Nessa semana os ministros Fernando Haddad e Simone Tebet, sob o aval de Lula, apresentarão um pacote de restrições fiscais antipovo que representará a morte política do atual governo. Para cumprir as metas do Arcabouço Fiscal, que muitos economistas alertaram que seria difícil de realizar, o governo por convicção cede aos interesses do mercado e aplica o programa ultraliberal da extrema-direita derrotado na eleição de 2022.
Sob o comando do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o governo se submete a agenda da Faria Lima. A pedido de Lula, Haddad chegou a cancelar uma viagem à Europa essa semana para fechar o pacote de “medidas fiscais”, eufemismo para corte de direitos dos trabalhadores. Tudo para apressar o anúncio das medidas e acalmar o mercado, leia-se, os parasitas do sistema financeiro.
Por tudo o que foi falado pelo próprio Fernando Haddad e Simone Tebet estão no alvo das medidas a serem anunciadas pelo governo os pisos mínimos constitucionais de educação e saúde, o Benefício de Prestação Continuada, o abono salarial, o Seguro-Desemprego e a multa de 40% do FGTS. Algumas dessas medidas só poderão ser emplacadas por uma PEC, prometida por Haddad para ainda este ano, cuja perspectiva da Faria Lima é a de cortar R$ 50 bilhões anuais de gastos.
Isso mostra o quanto na agenda mais essencial, o da política econômica, o governo está rendido ao capital financeiro. Em sua entrevista no mês passado à jornalista Mônica Bérgamo, da Folha de São Paulo, o ministro Haddad só citou um interlocutor como parâmetro de suas decisões austericidas: os especuladores da Faria Lima associados ao capital financeiro internacional. Para o ministro não existem sindicatos e movimentos populares. Tampouco citou em toda a entrevista a palavra emprego, comida, salário ou direitos.
Focado apenas em cortar gastos e direitos, Haddad se mostrou frustrado com o pouco impacto na campanha de Guilherme Boulos do que ele julga como “melhoria econômica”. Essa declaração mostra como o ministro e todo o governo vivem em uma bolha, ou se preferirmos, em um estado de alienação acerca da realidade brasileira. Parecem não entender o grau de destruição do tecido social brasileiro provocado pela manutenção e aprofundamento das medidas ultraliberais.
O governo acredita que o que é bom para a Faria Lima é bom para o Brasil. Ao cretinismo parlamentar típico das democracias burguesas se soma o cretinismo governamental. E se o eleitor pune a ala esquerda da frente amplíssima e vota na direita tradicional e mesmo na extrema-direita, a culpa é do “pobre de direita” que elege quem tira seus direitos.
Mas, para a classe trabalhadora, que diferença faz ter no governo um partido que se auto intitula de esquerda ou de direita, se ambos ao fim e ao cabo atacam seus direitos?
Só há um caminho para enfrentar esses ataques do governo: a luta. Algumas iniciativas como o abaixo-assinado virtual, Contra o Pacote Antipopular (www.manifestopacoteantipovo.com.br), já é um passo. Mas precisam dar um passo adiante e se materializar em comitês de luta contra o pacote ultraliberal do governo.