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Israel x Irã: perspectivas da escalada nuclear

Israel x Irã: perspectivas da escalada nuclear

A entidade sionista e a nação persa estão ampliando o potencial destrutivo em cada novo ataque, abrindo as portas para a terceira guerra mundial envolvendo cada vez mais novos atores

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O Irã possui cerca de 10 instalações nucleares. Israel possui uma usina nuclear, a de Dimona.

"Um ataque bem-sucedido contra Dimona, porém, seria muito diferente. Assim, tendo em vista o risco de liberação radioativa, será que a permanência da operação da usina prevalece sobre os riscos? Dimona é um caso único. É a maior usina nuclear na região e a única produtora de materiais para armas atômicas. Desde que entrou em operação, em meados da década de 60, a usina produziu elementos suficientes para a produção de aproximadamente 200 armas nucleares. David Ben Gurion, o primeiro primeiro-ministro israelense, inaugurou a usina para compensar a vulnerabilidade estratégica israelense, seu exército embrionário e a indisposição do Ocidente de constituir uma aliança formal para defender o Estado judeu. Dimona não é uma Chernobyl. A usina gera apenas cerca de 5% da potência do acidentado reator soviético. Apesar disso, a usina - juntamente com seu combustível nuclear usado, plutônio extraído e lixo nuclear reprocessável - constituem um risco radiológico significativo que um ataque militar poderia dispersar no meio ambiente. Tacitamente, as autoridades israelenses admitem o risco. As autoridades distribuíram comprimidos de iodeto de potássio nas cidades vizinhas de Yerham, Dimona e Aruar. O iodeto de potássio impede que a tireoide absorva iodeto radioativo, um dos primeiros riscos em caso de liberação de radioatividade. Mas não impediriam graves danos à saúde resultantes da exposição a outros elementos radioativos. E, dependendo das condições climáticas e da descarga nuclear, as conseqüências radioativas poderão não permanecer localizadas." (Valor Econômico, 21/12/2007, Alvos nucleares).

 

Uma foto tirada em 8 de março de 2014 mostra uma vista parcial da usina nuclear de Dimona, no deserto de Negev, no sul de Israel. Fotografia: (AFP) 

 

Israel ameaça atacar as instalações iranianas em resposta ao segundo ataque direto do Irã a Israel, após Tel Aviv assassinar uma parte da direção do Hezbollah. Formal e publicamente, a Casa Branca aconselha a entidade sionista a ataca as bases energética petrolíferas iranianas e não as nucleares.

Como mensuram as próprias fontes imperialistas, um ataque da entidade sionista as instalações nucleares iranianas invocaria o ingresso direto das forças armadas dos EUA na guerra: "Muitas autoridades americanas e ocidentais disseram que Israel não pode destruir o programa nuclear do Irã sozinho, sem ajuda americana, porque Jerusalém não tem uma bomba mega destruidora de bunkers para destruir as instalações nucleares subterrâneas da República Islâmica em Fordow e Natanz." (Jerusalem Post: Israel se absterá de atacar instalações nucleares do Irã e se concentrará em alvos militares, dizem fontes). Essa possibilidade, aventada em forma de ameaça, vem sendo retirada das opções de retaliação sionista.

A Rússia se opôs a um ataque contra o Irã e o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, alertou que "os planos ou ameaças de ataque às instalações nucleares pacíficas da República Islâmica do Irão forem concretizados, seria uma provocação muito grave”.

O ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano adverte que qualquer ação israelita contra o Irã terá uma reação proporcional e ainda mais forte e Israel pode testar a vontade iraniana.

Por sua vez, basta um ataque iraniano para provocar uma Chernobyl na região, como o Irã deu a entender nos ataques que fez em 13 de abril de 2024, o primeiro ataque direto do Irã  contra a entidade sionista.

"A mídia iraniana disse ontem que o míssil que caiu perto do reator nuclear de Dimona foi uma mensagem a Israel de que “suas áreas sensíveis não são fortificadas”. “A narrativa israelense sobre o míssil que caiu perto do reator de Dimona contém brechas claras”, disseram eles, acrescentando que o míssil poderia ter atingido Dimona, “mas não é necessário criar uma catástrofe”. Um porta-voz do exército israelense disse ontem que um míssil antiaéreo lançado da Síria em direção a um jato israelense explodiu perto de Dimona, no sul de Israel, disparando sirenes de alerta perto do reator nuclear de Dimona. O porta-voz identificou o projétil como um míssil terra-ar SA-5 disparado pelas forças sírias, explicando que ele ultrapassou seu alvo para alcançar a área de Dimona, 200 quilômetros ao sul da fronteira síria." (Monitor do Oriente: Mídia do Irã diz que ataque perto do reator de Dimona é mensagem para Israel).

Qualquer abordagem que parte do pressuposto de que o conflito envolve apenas Israel e Irã, parte de um equívoco. Já se trata de uma guerra regional quente.

"Pelo menos nove países estiveram envolvidos na escalada militar — com projéteis disparados do Irã, Iraque, Síria e Iêmen e abatidos por Israel, pelos EUA e pela França, bem como pela Jordânia. Uma represália era esperada. O Irã havia prometido retaliar depois de um ataque ao seu consulado na Síria, no dia 1º de abril, que atribuiu a Israel" (BBC: Entenda primeiro ataque direto do Irã a Israel).

O segundo ataque iraniano direto, em primeiro de outubro de 2024, foi maior que o primeiro, mais destrutivo, dirigiu-se a alvos militares e ocorreu sem que Israel contasse com o apoio defensivo imediato de outros países imperialistas (França e Grã Bretanha) e vassalos (Jordânia). Assim como no primeiro ataque, os sistemas de defesa aérea israelenses e ocidentais foram impotentes contra mísseis balísticos e hipersônicos iranianos que destruíram, entre outros artefatos, muitos F-35, a série de caças mais avançados entregues dos EUA a Israel.

O eixo da Resistência está cada vez mais organicamente articulado. Após o ataque iraniano contra a entidade sionista, o ministro das Relações Exteriores do Iraque, que disse que não permitirão que o espaço do país seja mal utilizado contra o Irã e qualquer outro país. Ao completar um ano da operação militar do Hamas contra israel, “o ataque militar mais bem sucedido deste século”, segundo Scott Ritter no genial artigo "A queda de Israel", parece consolidado o bloqueio do Iémen que paralisou o tráfego marítimo israelita no Estreito de Bab El-Mandeb, que liga o Mar Vermelho ao Golfo de Aden.

Apesar do apoio do sistema imperialista, no plano dipomático e internacional, entre os povos oprimidos, a entidade sionista está cada vez mais isolada. A Nicarágua rompeu relações diplomáticas com Israel. Depois da oposição da Turquia (membro da OTAN com uma de suas maiores bases militares) ao genocídio sionista, se desenvolve um novo alinhamento com o Eixo da Resistência e contra o bloco imperialista, o da Arábia Saudita, em processo de ingresso nos BRICS e que vem fazendo movimentos diplomáticos de aproximação com o Irã. Se esse movimento tiver desdobramentos e consequências será uma das maiores vitórias do 7 de outubro do Hamas que buscava implodir o plano estratégico manifesto por Nethanyahu de acercamento entre Tel Aviv e Riad.

Nos jogos de guerra a dissuasão tem importância de conter o adversário por anos ou décadas. O que impede o Irã de ir além nessa escalada é a identidade com os palestinos e sua terra. Mas, se a entidade sionista seguir com sua politica expansionista, de extermínio total dos palestinos e roubo de suas terras, esse elemento deixaria de ser um impedimento.

Além disso, mesmo se não tiver produzido armas nucleares ainda, nada impede o Irã de já ter comprado armas prontas da Coréia do Norte ou outros países como Paquistão, Rússia, China ou até Índia.

Diante dessa escalada do imperialismo contra os povos oprimidos, que ameaça com consumar um estado de terceiro guerra mundial, os comunistas defendem em Declaração internacional uma coalizão dos oprimidos com armas nucleares, combinada a ação internacional da classe trabalhadora para derrotar o Sionismo!

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