Campinas/SP: Trabalhadores, jovens e estudantes unificados contra a 6 x 1, a escala da morte.
Concentradas na Estação Cultura, cerca de 300 pessoas saíram em passeata pelas principais ruas do centro da cidade e a manifestação obteve forte interação com os trabalhadores e trabalhadoras do comércio central, um dos principais alvos da chamada "escala feita para matar", a escala 6 x 1.
Maria Rita Queiroz
No último dia 15 de novembro, data em que se comemora a proclamação da república brasileira, o país vivenciou um importante momento da luta dos trabalhadores e trabalhadoras em defesa de uma de suas mais relevantes bandeiras históricas, que é a diminuição da jornada de trabalho, sem diminuição de salários.
Em pelo menos 26 cidades, entre as quais estiveram grandes capitais como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Salvador, Belém, Manaus, Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre, e também muitos municípios importantes como é o caso de Campinas, cidade paulista interiorana, milhares de trabalhadoras e trabalhadores ocuparam as ruas em grandes manifestações pelo fim da escala 6 x 1.
A pauta pelo fim da escala 6 x 1 pode ser entendida como uma resposta da classe trabalhadora organizando-se contra as defesas da burguesia, que, mais uma vez, tenta justificar a necessidade de ajustes fiscais, defesas acatadas, inclusive, pelo governo federal, em detrimento dos interesses de quem trabalha e do povo que o elegeu.
Imagens: Cláudio Borges |
Os atos das capitais foram convocados pelo VAT (Vida Além do Trabalho), movimento criado pelo vereador Rick Azevedo (PSOL/RJ), em apoio à Proposta de Emenda Constitucional (PEC) da deputada federal Érika Hilton (PSOL-SP), pautando a redução da jornada de trabalho.
Com grande divulgação nas redes sociais, aumentando a pressão social sobre o Congresso, a proposta obteve a adesão de diversos parlamentares, angariando 194 signatários e ultrapassando as 171 assinaturas necessárias para tramitar na casa. Assinaram deputadas e deputados do Psol, Rede, PT, PCdoB, PDT, PSB, Solidariedade, Podemos, Avante, MDB, PSD, PSDB, União, PP, Republicanos e PL.
Em Campinas, município do interior de São Paulo e a última cidade no mundo a abolir formalmente a escravidão, a burguesia herdeira do ruralismo dos barões do café aplica largamente a escravização contemporânea da escala 6 X 1.
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Inclusive por essa condição histórica, no ato de 15/11, as ruas do centro da cidade foram ocupadas por um grande contingente de grupos e movimentos sociais, muitos jovens organizados pela esquerda, punks, Black Blocs, sindicatos, partidos de esquerda e muitos trabalhadores individualizados, em luta contra a escala 6 X 1 e em defesa da jornada de 30 horas semanais, com a escala 4 X 3 e sem redução de salários.
Concentradas na Estação Cultura, cerca de 300 pessoas saíram em passeata pelas principais ruas do centro da cidade e a manifestação obteve forte interação com os trabalhadores e trabalhadoras do comércio central, um dos principais alvos da chamada "escala feita para matar", a escala 6 x 1.
Entre as forças que compuseram o ato estiveram partidos de esquerda como PT, PSOL, PCdoC, PCBR, UP, PC e PCB, a CUT Regional de Campinas, o Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região, o dos Químicos Unificados, o Sindicato dos Trabalhadores em Pesquisa, Ciência e Tecnologia/SP (SINTPq), os mandatos das vereadoras e vereadores do PT Guida Calixto, Paolla Miguel, Cecílio Santos e Wagner Romão, esse último eleito para a legislatura 2025/2028, Mariana Conti e Paulo Bufalo, ambos do PSOL, Gustavo Petta (PCdoB), dos movimentos Consulta Popular, Oposição Unidade e Luta, Comitê Popular Antifascista, Organização Comunista Arma da Crítica, Movimento Revolucionário de Trabalhadores (MRT/Esquerda Diário), Coletivo Juntas!, União da Juventude Socialista, movimento Viramundo, Movimento Luta de Classes, movimento Vida Além do Trabalho, além de centenas de trabalhadores não organizados, conferindo força e validação ao movimento, cuja principal reivindicação unifica a luta exatamente por conta de seu caráter de extrema vinculação orgânica com a realidade de quem trabalha.
O Partido Comunista esteve presente e atuante em mais essa manifestação, observando o germe da unidade entre a juventude organizada pela esquerda e a velha guarda socialista e comunista, a qual necessitará de fomento e consolidação, bem como defendendo, além das pautas do dia, o fim das privatizações e terceirizações, do Novo Ensino Médio no estado de São Paulo, a revogação das reformas trabalhista e da previdência, e do arcabouço fiscal pelo governo federal, para que toda a classe trabalhadora possa trabalhar para viver e não viver para trabalhar, com direito à dignidade, descanso, lazer, saúde física e mental e à sua organização para a luta.