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São Paulo/SP: uma importante manifestação da juventude contra a escravidão 6x1

São Paulo/SP: uma importante manifestação da juventude contra a escravidão 6x1

A luta pelo tempo livre pela redução da jornada de trabalho assumiu várias formas desde o século XIX, historicamente tem sido realizada através de uma frente única entre as várias tendências de pensamento do movimento operário. Agora também a unidade dos trabalhadores e a democracia operária são mecanismos essenciais para a vitória, inclusive, mas não somente, no campo parlamentar.

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No dia 15 de novembro, cerca de 3 mil pessoas foram à Avenida Paulista pelo fim da escala de trabalho 6x1. A manifestação, iniciada às 10 horas, contou com uma participação predominante da juventude como há muito não se via.

A partir desse horário, os manifestantes se deslocaram em um crescente do cruzamento entre Avenida Paulista e Brigadeiro até a Rua da Consolação, entoando gritos como: Ah, não dá mais não, 6x1 é escravidão!

Sob ataques consecutivos e cumulativos há vários anos, os trabalhadores, sobretudo, têm sido obrigados a trabalhar cada vez mais, sob o aumento da jornada e da intensidade dos ritmos de produção, recebendo salários cada vez menores. Assim, vem se normalizando nos contratos de trabalho uma precariedade das condições de vida, sob uma escala de trabalho escravizante que não permite mais do que um dia de folga semanal, um dia que não é suficiente nem para descansar, nem para resolver as pendências da vida, acumuladas.

 

 

Assim, os manifestantes protestaram reivindicando os sábados e domingos livres, pela redução da jornada de trabalho para 30 horas semanais, sem redução de salário, para que tenham que trabalhar menos a fim de que existam empregos para todos, mas também para que o governo Lula rompa com a herança maldita e revogue a Reforma Trabalhista de Temer e contra a ameaça de corte de investimentos na saúde, na educação, nas aposentadorias e BPCs.

Com tantas demandas acumuladas envolvendo as condições de vida e jornada de trabalho, espera-se que o movimento capitalize esse descontentamento e possa crescer. Mais de 2 milhões de pessoas já assinaram a petição on-line do movimento VAT (Vida Além do Trabalho) que exige o fim da escala de trabalho extenuante de 6x1.

Entre os ativistas, estiveram no ato partidos e organizações de esquerda, como PT, PCdoB, PSOL, PC, PCLCP, PSTU, PCBR, PCO, POR, MRT, APR/PDT, FOB, OCI, ART, CST, Liga Operária. Também estiveram presentes ativistas sindicais, como do Sindicato dos Comerciários de Franco da Rocha, da CUT, Intersindical, Conlutas, CTB e UGT. A manifestação foi convocada pelo movimento Vida Além do Trabalho (VAT), convocatória que foi repercutida pelas organizações, partidos, sindicatos e centrais acima.

 

A luta pelo tempo livre pela redução da jornada de trabalho assumiu várias formas desde o século XIX, historicamente tem sido realizada através de uma frente única entre as várias tendências de pensamento do movimento operário. Agora também a unidade dos trabalhadores e a democracia operária são mecanismos essenciais para a vitória, inclusive, mas não somente, no campo parlamentar. É preciso unir os textos e elementos progressivos dos Projetos de Emenda Constitucional do deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) com o da também deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP). O projeto de Lopes, criado anteriormente e negociado com as centrais sindicais, reduz a jornada de trabalho de 44 para 36 horas semanais.

O Partido Comunista esteve presente na manifestação da Avenida Paulista, em Campinas/SP (Campinas/SP: Trabalhadores, jovens e estudantes unificados contra a 6 x 1, a escala da morte) e em outras cidades, como Fortaleza (CE), com um panfleto específico do partido para a atividade e outro panfleto do Comitê Popular Antifascista, em conjunto com outros membros do PCLCP e da  juventude Avançando.

 

 

Direção do movimento realiza um mau começo

 

Todavia, apesar de todo potencial do movimento, por desafiar as bases estruturais das condições de trabalho da classe assalariada, muitos equívocos vêm sendo cometidos, pela direção do VAT, que precisam ser superados para que o movimento possa avançar.

 

Contra a coordenação do VAT, pesa a crítica de que tenha promovido muitas expulsões de membros dos grupos de Whatsapp do movimento, membros que foram expulsos por reivindicar plenárias democráticas e um encontro nacional para a organização da luta. Circula na internet uma Carta Aberta ao VAT reivindicando a anulação dessas expulsões assinado por dezenas de ativistas.

Apesar da presença de muitas organizações, partidos e dirigentes sindicais, que fazem parte da luta e contribuíram decisivamente para a construção do movimento, o controle das falas ao microfone foi estranhamente bem mais burocrático do que nas manifestações tradicionais realizadas pela esquerda.

Do carro de som na Avenida Paulista, os coordenadores do VAT concederam direito à fala somente a poucos como Erika Hilton e Guilherme Boulos, ambos do PSOL.

A principal oradora da manifestação, Priscila Araújo, coordenadora do VAT em São Paulo, assumiu uma postura burocratizada, impedindo as falas no carro de som onde estavam os partidos de esquerda presentes na manifestação, afirmando que as pessoas ali deveriam deixar Marx e Lenin em casa, assumindo um discurso anti-intelectualidade e até anti-livros: “Aqui é trabalhador de verdade, não é gente que lê livro, não”, como se fosse uma vantagem, e não uma desgraça, que os trabalhadores estejam sendo condenados cada vez mais a não terem tempo e nenhuma outra condição para ler, estudar, ingressar na universidade.

Criticando uma esquerda nutella, a coordenadora do VAT encarnou em seu discurso a verdadeira esquerda pós-moderna, antimarxista, liberal, com um populismo em favor dos trabalhadores que muito pode agradar à direita anticomunista, mas que representa um prejuízo à organização e à conscientização da classe trabalhadora, como se houvesse alguma vitória dos últimos 150 anos de luta da classe trabalhadora, no mundo, que não tivesse sido conquistada, organizada ou inspirada sem a influência do marxismo, da teoria revolucionária e do estudo das experiências da luta de classes, descritos e concentradas em livros, produtos da organização comunista dos trabalhadores.

Como acertadamente notou Adriano Moreira, estudante de direito, presente na manifestação:

"Aqui em SP, uma representante do VAT discursou criticando o "academicismo" se apegando a um obreirismo tosco de que só poderia falar no trio quem fosse trabalhador. Durante vários momentos da fala dela percebeu-se equívocos e limites por falta da teoria revolucionária. O trabalhador sabe o que é exploração, mas não adquiriu a consciência para compreender que quem o explora é a classe burguesa e não a mulher, o negro, o lgbt, como querem afirmar a extrema direita. Durante a gênese do Capital, muitos praticaram pequenos delitos como forma de revolta contra o capitalismo nascente, posteriormente destruíram as máquinas. Somente por meio de uma direção revolucionária é possível canalizar essa revolta , organizá-la endereçando-a aos verdadeiros responsáveis. Só a indignação e a consciência da exploração não levam os trabalhadores a uma luta organizada contra seus verdadeiros algozes é preciso uma direção e teoria revolucionária."

Se a orientação antipartidária predominar no VAT, não haverá destino melhor que o do Movimento pelo Passe Livre. O MPL apresentava-se como um movimento horizontalista que logo foi permeado pelo discurso antipartidário, exigindo que as organizações de esquerda “baixassem as bandeiras”, sendo logo infiltrado por agentes da direita golpista que tiveram sucesso em 2016.

A luta contra a escala 6x1, que ganhou as ruas no dia nacional de luta do 15 de novembro, deverá superar o burocratismo, o antipartidarismo e as ilusões de que bastam a campanha de assinaturas no abaixo-assinado e a canalização de toda pressão social sobre o parlamento burguês controlado pelo Centrão, para alcançarmos a vitória. O movimento necessitará exatamente do legado de Marx e de Lênin para ser capaz de exercer a democracia dos trabalhadores, organizando um encontro nacional para elegermos uma coordenação nacional e, nesse caso, a construção de um programa político de escala e jornada diária pode ser a garantia de continuidade das lutas históricas pela redução da jornada de trabalho.

 

Pelo fim da escala 6 x 1

Pela instituição da escala 4 x 3

Pela jornada semanal de 30 horas

Pela redução da jornada sem redução de salários

Em defesa do marxismo e do leninismo na luta dos trabalhadores!

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