Capitalismo performático no contexto de hipertrofia pornológica
De tanto criticarem as formas anteriores de amar, hoje não sobrou amor foi para ninguém. Numa conjuntura de sádicos e psicopatas de todos os tipos, a sociedade está até mais vulgar e sem horizontes de solidariedade.
Por Leonardo Lima Ribeiro
Nada ocupou o vazio deixado. O limbo se aprofundou, como as Almas Mortas de Gogol migrando ao contexto tropical.
E não custa enfatizar que toda a pornochanchada típica da ditadura e por meio da cultura cinematográfica indexada aos militares é hoje o consenso, sem sequer haver a necessidade de financiamento público ou deslocamento de recursos orçamentários para fazer da conduta das pessoas algo próximo de avatares publicitários exibíveis e precificados ("Quanto vale ou é por quilo?").
O contexto é o de uma oclocracia pornológica como complemento imediato das tiranias rasputinianas, através de que as maiorias se orgulham de se reduzirem à condição mais escatológica de animalidade. Os indivíduos nunca fizeram tanto apelo à animalidade, como se estivessem sendo reduzidos ao jogo da sobrevivência próprio de bichos no cio.
Achar que está tudo bem é algo semelhante a dizer que sua linguagem e todo o seu corpo foram reduzidos ao escracho da selvageria mercadológica e a esterilização cuja reprodução é apenas um meio de eternizar a si mesmo e seus gozos suicidários.
A diferença é que neste onanismo generalizado a única coisa que se visa reproduzir é a si mesmo, clonando eternamente a autoimagem. O pornô é o consenso desmacarado nos marcos performáticos do capital.
Uma das coisas mais cômicas dos tempos atuais é a potencialização desmesurada da mania de grandeza. É simplesmente ridícula a quantidade absurda de pessoas que se pensam absolutas. Tal gozo é o afogamento nessa miséria ideológica, proporcional à asfixia de uma espécie de Narciso, hipnotizado pelas águas de seu próprio mijo.